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Ozempic pode levar à cegueira? Oftalmologista alerta sobre o uso indiscriminado do medicamento

Publicado em 28/12/2024 às 12:13 por Editoria Movimento Saúde

O Ozempic, medicamento à base de semaglutida, tem ganhado notoriedade como uma solução para o emagrecimento, frequentemente utilizado de forma indiscriminada por pessoas que buscam uma perda rápida de peso. Originalmente indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, o Ozempic agora está no centro de um debate que preocupa médicos, cientistas e pacientes: pode o medicamento impactar negativamente a visão?

Para esclarecer os riscos relacionados ao uso do Ozempic e trazer luz às discussões, conversamos com o médico oftalmologista Dr. Paulo Igor Rauen, especialista em retina (CRM 22859 | RQE 720). Ele destaca uma condição grave que pode estar associada ao uso prolongado do medicamento: a neuropatia óptica isquêmica anterior (NAION).

De acordo com o Dr. Paulo, a NAION é a principal causa de neuropatia óptica adquirida em adultos. Trata-se de uma condição que surge de forma súbita, sem dor, e provoca a perda parcial do campo visual.

“Essa condição é grave porque, além de ser súbita, ela é irreversível. Não existe tratamento eficaz para reverter os danos causados pela NAION”, explica o oftalmologista. Estudos recentes indicam que a semaglutida, presente no Ozempic, pode aumentar o risco de desenvolver essa neuropatia.

Um estudo dinamarquês, que analisou mais de 400 mil pacientes com diabetes tipo 2, apontou que o uso de semaglutida está associado a um risco 2,19 vezes maior de desenvolvimento de NAION. "É uma descoberta preocupante, considerando o crescente uso do medicamento fora de sua indicação original", alerta o Dr. Paulo.

Por que o Ozempic está na mira?

A semaglutida age no receptor GLP-1 (glucagon-like peptide-1), originalmente desenvolvido para ajudar no controle da glicemia em pacientes com diabetes tipo 2. O medicamento também reduz o apetite, promovendo a perda de peso, o que o tornou popular entre pessoas sem diabetes. No entanto, o uso indiscriminado e sem acompanhamento médico tem levado a complicações que poderiam ser evitadas.

“O maior problema é o uso fora de contexto médico”, afirma o Dr. Paulo. “Esse medicamento, como qualquer outro, deve ser utilizado apenas com prescrição e acompanhamento regular. Quando usado de forma inadequada, pode trazer riscos sérios, como a NAION.”

Alterações visuais: o que observar

O Dr. Paulo explica que alterações visuais associadas ao uso de semaglutida podem aparecer em média após 22 meses de uso contínuo. Por isso, o monitoramento regular da visão é essencial para quem faz uso do medicamento, seja por indicação para diabetes ou para perda de peso.

Sinais de alerta incluem:

  • Visão embaçada.
  • Perda de campo visual (áreas escuras ou borradas na visão periférica).
  • Dificuldade repentina para enxergar em um dos olhos.

Ao identificar qualquer um desses sintomas, é fundamental procurar imediatamente um oftalmologista.

Recomendações para usuários de Ozempic

Para evitar complicações graves, o Dr. Paulo destaca algumas recomendações importantes:

  1. Consulte sempre um especialista antes de iniciar o uso do medicamento: O uso seguro de medicamentos como o Ozempic exige avaliação médica completa.
  2. Monitore sua visão regularmente: Consultas periódicas ao oftalmologista são indispensáveis, especialmente se você estiver utilizando Ozempic.
  3. Fique atento a alterações visuais: Qualquer mudança súbita na visão deve ser levada a sério.
  4. Priorize o acompanhamento multiprofissional: Nutricionistas, endocrinologistas e oftalmologistas devem estar integrados no cuidado ao paciente que utiliza a semaglutida.

O que diz a ciência?

Além do estudo dinamarquês, especialistas ao redor do mundo continuam investigando os impactos da semaglutida em diferentes áreas do corpo. Embora seja um medicamento eficaz e seguro para o controle do diabetes quando utilizado corretamente, seu uso inadequado pode trazer riscos à saúde, como o impacto na visão.

“A combinação de alta procura pelo medicamento e uso fora de indicação é um cenário preocupante. É nosso papel, como médicos, informar a população sobre os potenciais riscos e a importância do uso responsável”, conclui o Dr. Paulo.

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