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Amianto contido em talco Johnsons causa câncer em milhares de mulheres e produto é retirado do mercado

Publicado em 16/08/2022 às 10:56 por Editoria Movimento Saúde

A Johnson & Johnson (J&J) deixará de fabricar e comercializar pó de talco para bebês em todo o mundo a partir do próximo ano.
O anúncio ocorre mais de dois anos depois que a gigante da saúde encerrou as vendas do produto nos EUA.
A J&J enfrenta dezenas de milhares de processos de mulheres que alegam que seu pó de talco continha amianto e as levou a desenvolver câncer de ovário.
O talco para bebês é usado para prevenir assaduras e para usos cosméticos, inclusive como xampu seco.
O talco é extraído da terra e é encontrado em camadas próximas às do amianto, que é um material conhecido por causar câncer.
Envenenamento consciente 
Uma investigação de 2018 da agência de notícias Reuters afirmou que a J&J sabia há décadas que o amianto estava presente em seus produtos de talco.
A agência de notícias afirma que registros internos da empresa, depoimentos de julgamentos e outras evidências mostraram que, de pelo menos 1971 até o início dos anos 2000, o talco bruto e os produtos derivados da J&J deram positivo para pequenas quantidades de amianto em alguns testes.
Mas a empresa reiterou sua posição de que décadas de pesquisas independentes mostram que o produto é seguro. "Nossa posição sobre a segurança de nosso talco cosmético permanece inalterada."
"Sustentamos firmemente décadas de análises científicas independentes de especialistas médicos de todo o mundo que confirmam que o talco Johnson's à base de talco é seguro, não contém amianto e não causa câncer", afirmou.
"Como parte de uma avaliação de portfólio mundial, tomamos a decisão comercial de fazer a transição para um portfólio de talco para bebês à base de amido de milho", afirmou em comunicado.
A empresa acrescentou que talco para bebês à base de amido de milho já é vendido em países ao redor do mundo.

Por que o amianto oferece riscos à saúde
O amianto é um mineral que está presente na natureza.
Uma variedade da substância, o amianto branco, é usada na indústria da construção civil nos países em desenvolvimento, mas é proibida na maioria dos países industrializados, devido aos riscos para a saúde.
O amianto é resistente ao calor e ao fogo. Além disso, o material é resistente e barato, por isso pode ser usado de diversas formas. Ele pode ser misturado ao cimento para fabricação de tetos e pisos. Também é utilizado em canos, tetos, freios de veículos, entre outros.
Fragmentos microscópicos de fibras de amianto são potencialmente perigosos quando inalados e podem provocar doenças respiratórias:
•    Câncer de pulmão, que é o mais comum em pessoas expostas ao amianto;
•    Mesotelioma, uma forma de câncer no peito que praticamente só ocorre em pessoas expostas ao amianto;
•    Asbestose, uma doença que causa falta de ar e pode levar a problemas respiratórios mais graves.
O amianto branco, conhecido como crisótilo, é a única forma de amianto usada hoje. A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que a variação também é associada ao mesotelioma e outros tipos de câncer, mas seus produtores dizem que a substância é segura se manejada com cuidado.
Alguns especialistas afirmam que o amianto branco traz menos risco à saúde do que os amiantos azul e marrom, mas mesmo empresas que vendem a substância dizem que os trabalhadores devem evitar inalar o ar com o produto.
A substância é amplamente produzida e usada no Brasil, apesar de alguns esforços isolados para se bani-la. O Brasil é o terceiro maior produtor e exportador de amianto, que é vendido para países como Colômbia e México. O país também é o quinto maior consumidor do produto.

FONTE: BBC 

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