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O bullying pode ocorrer dentro ou fora da escola, e também na internet ou através de outros dispositivos eletrônicos
Foto: Divulgação
As formas tradicionais desta prática incluem ações físicas, verbais e sociais (às vezes chamadas de relacionais ou excludentes). Para crianças e adultos jovens, o bullying pode ocorrer não apenas dentro ou fora da escola, mas também na internet ou através de outros dispositivos eletrônicos, e a sobreposição entre o chamado cyberbullying e o tradicional bullying pode ser significativa.
O bullying tradicional foi estudado em maior extensão do que o cyberbullying (implicando a necessidade de mais pesquisas). Devido à difusão desta prática online, a repetição de comportamentos prejudiciais de um único agressor pode ser menos importante, pois geralmente ocorrem efeitos de disseminação e acompanhamento. O conteúdo online pode “tornar-se viral” muito mais fácil e mais rápido que os incidentes offline. Sempre que a postagem é compartilhada e visualizada por outras pessoas, isso pode contribuir para uma nova ocorrência de vitimização.
Assim, foram sugeridas as três características específicas a seguir ao cyberbullying: a natureza 24 horas/7 dias da semana do bullying, os diferentes aspectos do anonimato e o público potencialmente mais amplo. Argumentou-se que esses aspectos tornam a prática online um fenômeno mais grave que o tradicional, mas estudos sobre esse assunto têm mostrado resultados inconsistentes.
Alguns estudos têm demonstrado que crianças e adultos jovens com distúrbios do desenvolvimento neurológico (DDN) têm um risco aumentado de bullying, em comparação com outros indivíduos em desenvolvimento normal. Um DDN geralmente significa um diagnóstico como transtorno do déficit de atenção, transtorno do espectro do autismo, transtornos de aprendizado ou deficiência intelectual.
Ainda não está claro até que ponto os DDN estão envolvidos no cyberbullying. Essa dúvida objetivou os autores Beckman, Hellström e von Kobyletzki (2019) a estudar a prevalência entre estudantes com DDN em escolas e necessitando de educação especial, como agressores, vítimas ou ambos (“vítimas de intimidação”). O artigo Cyber bullying among children with neurodevelopmental disorders: A systematic review foi publicado recentemente no jornal Scandinavian Journal of Psychology.
As bases de dados Web of Science, Scopus, ERIC, PsycINFO, PubMED e Cochrane foram pesquisadas, incluindo uma pesquisa manual de listas de referência, até 24 de fevereiro de 2018.
Resultados
De acordo os autores, os alunos com DDN podem estar mais envolvidos com o cyberbullying do que os estudantes em desenvolvimento típico. No entanto, segundo os pesquisadores, o número de participantes desta revisão era pequeno e a maioria dos estudos não possuía um grupo controle. Esses achados precisam ser confirmados em estudos de maior qualidade metodológica.
Ao conduzir estudos de prevalência, a validade das informações sobre comprometimento e bullying é de grande importância e pode influenciar os resultados. Também é importante distinguir e comparar diferentes contextos educacionais. Ademais, é necessário harmonizar medidas e definições para o cyberbullying em estudos que incluem estudantes com DDN, a fim de comparar resultados de diferentes estudos e contextos.
Sempre que possível, segundo os autores, os próprios alunos devem ser os que relatam envolvimento com bullying. No entanto, a inclusão de várias fontes de informantes pode fornecer uma descrição mais ampla.
Autor: Roberta Esteves Vieira de Castro
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença. Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes. Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil pela Universidade Federal Fluminense (Linha de Pesquisa: Saúde da Criança e do Adolescente). Doutora em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Pós-graduanda em neurointensivismo pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR). Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ. Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro. Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox. Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB). Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB. Membro do comitê de filiação da American Delirium Society (ADS). Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG). Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS).
Referência bibliográfica:
COMUNICAÇÃO PARA A SAÚDE
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