Sábado, 23 de novembro de 2024 Login
Enquanto o Supremo Tribunal Federal debate sobre a liberação ou não do consumo, porte e até da comercialização da maconha no Brasil, a comunidade científica se preocupa com seus efeitos, benéficos e nocivos, ao organismo. Vários estudos vêm sendo divulgados sobre o assunto.
O mais recente, realizado pela American Cancer Society, divulgado na última segunda-feira (25), mostrou que um quarto dos pacientes com câncer usou maconha medicinal nos Estados Unidos no último ano.
A maconha é indicada pelos médicos de lá para alívio de sintomas do tratamento do câncer.
Uma legislação mais permissiva em muitos estados americanos contribuiu para o acesso dos pacientes à erva. Segundo o levantamento, 24% dos pacientes usaram maconha no último ano -- o que estima o uso associado ao tratamento do câncer -- e 21% fizeram uso no último mês.
Os dados foram consistentes com análise de urina feita por pesquisadores, que mostrou que 14% havia feito uso de cannabis sativa na última semana.
Se considerado o uso em alguma vez no passado, sem um período determinado, 66% informaram o consumo.
Atualmente, mais da metade dos estados nos Estados Unidos já aprovaram leis que permitem o uso da maconha medicinal e recreativa. O estudo mostra que, se a disponibilidade da planta começar a crescer, mais pacientes terão acesso à maconha para o tratamento do câncer e outras doenças.
Menos sintomas
O principal uso da erva entre pacientes oncológicos se dá para o alívio de náuseas na quimioterapia, mas há outros usos não totalmente mapeados por estudos clínicos.
Por isso, foi também com o objetivo de entender esse uso que o pesquisador Steven Pergam e sua equipe entrevistaram 926 pacientes no Seattle Cancer Center Alliance.
O grupo descobriu que, além do uso para sintomas físicos (dor e náuseas), pacientes com câncer também utilizaram a cannabis por razão psicológicas: para lidar com o estresse, depressão e insônia.
Em busca de informações
A pesquisa demonstrou também que a maioria dos pacientes nesse grupo teve um forte interesse em aprender sobre maconha durante o tratamento -- e 74% procurou informações sobre o assunto em associações de cuidados com o câncer.
De acordo com os pesquisadores, embora quase todos os entrevistados desejassem que seus médicos fornecessem mais informações sobre o assunto, a maioria relatava que eles eram mais propensos a obter informações de fontes fora do sistema de saúde.
"Os pacientes com câncer desejam, mas não estão recebendo informações de seus médicos sobre o uso de maconha durante o tratamento", diz Pergam, em nota sobre o estudo.
O pesquisador espera que mais estudos ajudem a avaliar os riscos e benefícios da cannabis nessa população e que a comunidade científica ajude médicos a informar mais sobre o tema -- já que o uso da maconha pode não ser benéfico para todos os pacientes e gerar efeitos colaterais indesejados.
"A informação é importante porque, se não educarmos nossos pacientes sobre maconha, eles continuarão a obter suas informações em outro lugar."
O uso da maconha medicinal no Brasil
No Brasil, é permitida a importação de um derivado da cannabis, o canabidiol (CBD), para casos em que não há outros tratamentos disponíveis.
Também é possível a importação de outros produtos, com o tetrahidrocanabinol (THC) como base, desde que pedida a importação diretamente na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), com laudo médico e receita.
Neste ano, a Anvisa também incluiu a maconha na lista de plantas medicinais, mas não liberou o uso, que continua proibido no Brasil.
A inclusão apenas reconhece o potencial da erva para pesquisas futuras e regulamentações de medicamentos, o que permite desburocratizar processos de aprovação no futuro.
Em janeiro de 2017, a agência aprovou o registro do primeiro medicamento à base de maconha no país, indicado para a esclerose múltipla.
Na Justiça, alguns pacientes que não tiveram condições para comprar medicamentos importados e tinham doenças graves, conseguiram autorização para o autocultivo.
FONTE: Adaptado de G1
COMUNICAÇÃO PARA A SAÚDE
Informação que salva vidas: a importância da mídia em campanhas como o Novembro Azul