O ditado popular “costume de casa vai à praça” é uma alusão direta de que a educação é uma repetição do comportamento doméstico (ou deveria ser mantido) na rua. Isso também acontece com as informações recebidas na escola. O aprendizado fica para a vida e para o dia a dia.
Se considerarmos que as crianças passam de quatro a oito horas no ambiente escolar, 25% a 50% do tempo produtivo delas está vinculado à educação formal. É um tempo valioso que, oportunamente, o Estado brasileiro pode utilizar para melhorar a saúde da população.
Camilly Rocha, 14 anos, é estudante de uma escola pública em Brasília/DF. Ela conta que aquilo aprendindo na escola pode ajudar a influenciar positivamente a rotina das famílias. “Por mais que, hoje, eu acho que não seja tão fácil a gente conseguir alimentos melhores no mercado porque é tudo muito industrializado, eu tendo manter uma dieta saudável. Às vezes, há alguns projetos aqui no colégio que envolvem a gente para isso. Para alimentação orgânica. Então eu vou tentando ser exemplo nesse quesito”, conta.
Rebeca Fernandes, 14 anos e estudante da mesma escola, segue na mesma linha. Em casa, é ela quem dá o tom da alimentação familiar. “Eu procuro ter uma alimentação saudável e arrasto a minha mãe nessa também porque ela tem problema de pressão alta, de coração, então ela tem que ter uma alimentação mais saudável, ai eu tento arrastá-la”, revela.
Olhando para esse cenário de oportunidades, os ministérios da Saúde e da Educação criaram, em conjunto, o Programa Saúde na Escola (PSE), que leva para as instituições de ensino públicas brasileiras ações voltadas à promoção da saúde e à prevenção de doenças nos estudantes.
“As crianças têm se revelado, ao longo dos últimos anos, grandes influenciadoras das famílias. Elas aprendem na escola e, quando chegam em casa, cobram os pais, irmãos, tios, avós, todo mundo. Isso aconteceu com o uso do cinto de segurança nos carros, com o combate ao Aedes aegypti... Enfim, elas se tornaram multiplicadoras do conhecimento e agentes de mudanças para atitudes positivas”, defende o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
A cada ano um tema principal é escolhido para ser trabalhado com os estudantes: saúde bucal; saúde ocular; direitos sexuais e reprodutivos; e combate a vetores como o mosquito Aedes aegypti. “Este ano, serão priorizados dois temas: imunização contra a meningite C e o HPV em adolescentes, e de Influenza em professores e outros colaboradores; prevenção e controle da obesidade infantil e em adolescentes”, revela a coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Michele Lessa.
Atualmente, a ingestão de alimentos ultraprocessados começa já nos primeiros anos de vida. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (2006) sinaliza que 40,5% das crianças menores de cinco anos consomem bebidas industrializadas com frequência. Enquanto dados da Pesquisa Nacional de Saúde (2013) apontam que 60,8% das crianças menores de 2 anos comem biscoitos ou bolachas recheadas. O resultado do mau hábito alimentar é que , a cada três crianças brasileiras, uma apresenta excesso de peso (IBGE-POF 2008/2009).
Para mudar este cenário, dentro da estratégia deste ano, o PSE vai desenvolver ações de promoção da alimentação saudável, de orientação sobre o Guia Alimentar da População Brasileira, ações voltadas à promoção de práticas corporais e atividades físicas.
PSE em números
O Programa Saúde na Escola está presente em mais de 78 mil escolas públicas de todo Brasil. Só no ensino fundamental são alcançados mais de 18 milhões de alunos. Em 2014, mais de 4 mil municípios que participam da iniciativa adotaram também medidas nas creches para avaliação antropométrica (registo feito sobre certas particularidades do corpo humano: impressões digitais, perímetro torácico, altura, etc.) e promoção de alimentação saudável das crianças de até dois anos.
Fonte: Blog da Saúde