Sexta-feira, 22 de novembro de 2024 Login
A história da pedagoga Etel Laura Brunatti Alves Ribeiro, 30 anos, é daquelas de arrepiar dos pés à cabeça e desafia até mesmo os especialistas mais renomados. Etel ficou tetraplégica enquanto estava grávida e, contrariando todos os prognósticos médicos, teve o filho e voltou a andar. Neste Dia das Mães, a homenagem da equipe do Movimento Saúde vai para Etel e todas as mães que lutam para ter seus filhos, oferecendo a própria vida para gerar a vida de seus filhos.
O experiente médico neurocirurgião de Umuarama, Dr. Danilo Bernardi participou das três cirurgias a que ela foi submetida, diz que o caso é raríssimo. Ele atribui a cura à fé e persistência da jovem.
“A Etel Laura foi uma das pacientes que eu tive numa situação mais delicada e complexa e também uma das mais gratificantes histórias que vivi. Essa história apesar de longa e sofrida, demonstra persistência. O que aconteceu não foi ação médica, foi ação divina, foi ação dela, foi ação da persistência”, disse o especialista em depoimento.
Pouco tempo depois de saber que estava grávida, a professora, que é de Paranavaí, começou a sentir dores na coluna e perda brusca da sensibilidade e dos movimentos das mãos e dos braços. Nas primeiras consultas do pré-natal, cogitou tratar-se de algum aspecto psicológico da gravidez.
No sexto mês de gestação, com braços e mãos paralisados e sentindo fortes dores na coluna e certa dificuldade para respirar, foi atendida pelo neurocirurgião de Paranavaí, Dr. Dr. José Carlos Penteado, que diagnosticou um tumor neurológico.
A professora foi então transferida para o Hospital Cemil de Umuarama, onde passou a ser acompanhada pelo Dr. Danilo.
Exames mais avançados mostraram que a professora tinha um grande tumor comprimindo sua medula. O prognóstico era de tetraplegia.
A indicação foi uma delicada cirurgia que precisaria ser realizada o quanto antes ou em pouco tempo Etel perderia todos os movimentos e também funções vitais, como a respiração. Por ser uma cirurgia muito invasiva e de longa duração, a gravidez era um risco a mais.
Etel recusou-se a abortar
“Se eu tirasse o Samuel, eu teria mais chances de sobreviver. Mas nunca cogitei isso. Sempre falei que iria suportar ou que morreria para que ele vivesse. Meu filho é muito importante pra mim. Todos os meus médicos sempre aceitaram e apoiaram a minha decisão”, disse Etel Laura em entrevista exclusiva a OBemdito.
A professora foi internada no Hospital Cemil de Umuarama, no dia 31 de dezembro de 2012, no sexto mês de gestação, quando já havia perdido todos os movimentos da parte superior do corpo e sentia dificuldades para respirar.
No dia 02 de janeiro de 2013, foi realizada a primeira cirurgia para a retirada do tumor, com os médicos neurocirurgiões Dr. Danilo Bernardi e Dr. Vinícius Torres. A cirurgia invasiva na região da cabeça e do pescoço durou cerca de 9 horas. Depois do procedimento, a professora ficou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por vários dias e depois foi transferida para um quarto, onde permaneceu até o dia do parto, respirando por aparelhos.
A Luz de Samuel
A gestação era de altíssimo risco, onde mãe e filho poderiam morrer a qualquer momento. O parto foi minuciosamente planejado realizado pelo médico obstetra Dr. Ricardo Genofre. Durante a cesariana, Etel teve que ser entubada e completamente anestesiada.
“Tenho imensa gratidão por este médico. Ele me acompanhou desde o dia que cheguei no Cemil, parto e pós-parto do Samuel, a toda hora, dia e noite, o Dr. Ricardo sempre estava lá. Ele foi uma luz em nossas vidas”, diz Etel.
O lindo menino de feições rosadas e expressão de serenidade veio ao mundo no dia 19 de fevereiro de 2013, com 34 semanas de gestação, pouco mais de 7 meses. Perfeito e saudável, o bebê apresentava apenas baixo peso, 1,805 Kg, devido a curta gestação. O Bebê de Etel nasceu com tanta saúde que, mesmo prematuro, ficou apenas uma semana no Hospital, depois foi para casa, sob os cuidados da avó paterna.
O nascimento de Samuel deu um novo ânimo à professora, que agora queria viver e andar para poder pegar o filho no colo. Este passou a ser seu maior sonho e objetivo de vida.
Depois do parto difícil, foram mais 50 dias hospitalizada. “Eu dizia para todo mundo, pros médicos, as enfermeiras, familiares e amigos que me visitavam, que eu voltaria a andar. Alguns olhavam com pena, mas nunca deixei de acreditar”, conta.
O quadro era realmente desanimador. Quando recebeu alta, a Etel Laura voltou para Paranavaí de ambulância, completamente paralisada do pescoço para baixo.
Fé, apoio e trabalho
Se existem ingredientes para um milagre, os de Etel foram sua fé, o apoio da família e muito trabalho duro.
A mãe de Etel, Dona Nerene Brunatti Alves, o irmão Thomas Brunatti Alves, e a prima Maria Isabely foram fundamentais na recuperação da professora.
"Minha mãe me dizia: Se temos 1% de chance de você voltar a andar, temos 99% de chances de Deus fazer um milagre. Minha mãe foi meu apoio quando eu já não aguentava mais tanto sofrimento. Eu não tinha nenhum movimento. Era o meu irmão, Thomas, que me colocava e tirava da cama e me ajudava em tudo. A Maria Isabely, que era uma criança com 10 anos, também foi fundamental, sempre por perto e ajudando. Eles foram minha força e minha fé”, destacou.
Persistência
Etel persistiu no tratamento. No dia 25 setembro de 2013 voltou à Umuarama para uma nova cirurgia com os médicos neurocirurgiões Dr. Danilo Bernardi e Dr. Vinícius Torres, desta vez no Hospital Norospar. O período de internação foi bem mais curto, cerca de uma semana depois de operada a professora voltou à Paranavaí para começar uma nova fase no tratamento.
“Há cinco anos sou atendida pela fisioterapeuta Tereza Christina Branco, Especialista em Fisioterapia Neurológica e Reabilitação Funcional da Fisioclinica de Paranavaí.Ela sempre acreditou em mim”, destaca Etel. A professora começou a recuperar os movimentos dos dedos, depois das mãos e dos braços. Mas ainda não conseguia ficar em pé.
Cerca de seis meses depois da segunda cirurgia, uma nova intervenção foi marcada, agora no Hospital Santa Rita em Maringá. A operação foi realizada pelo médico ortopedista especialista em coluna Dr. Márcio Beckhauser, juntamente com o médico neurocirurgião de Umuarama, Dr. Danilo Bernardi.
A recuperação da terceira cirurgia também foi rápida e logo a professora voltou a trabalhar duro na fisioterapia. Aos poucos começou a recuperar a força na coluna e ficar em pé deixou de ser uma dificuldade. Em dezembro de 2014, Etel Laura caminhou e finalmente pode pegar seu filho no colo.
“A maioria dos pacientes não chegam ao estado que ela chegou, mesmo tendo lesões menores do que a dela. Ou porque abandonam no meio do caminho, ou não conseguem manter a convicção do sucesso ou a fé no tratamento”, destaca o médico Dr. Danilo Bernardi.
“Todos estavam envolvidos e torcendo muito pela Etel e pelo Samuel. É um caso raro, que contraria a lógica, nos surpreende e emociona até hoje. Na rotina hospitalar estamos acostumados a lidar com adversidades todos os dias e histórias assim, de fé e persistência nos motiva”, diz a enfermeira Mayara Piassa, que trabalhou na equipe de cuidados de Etel e Samuel durante a internação no Hospital Cemil.
Exemplo
Cinco anos depois do diagnóstico terrível Etel Laura segue determinada seu caminho e agora quer compartilhar o seu exemplo. A professora acaba de escrever um livro que deve ser publicado ainda este ano.
“Eu espero poder fortalecer a fé das pessoas e demostrar a elas que quando Deus tem plano pra nossas vidas, Ele precisa nos preparar para assumir as responsabilidades. Nem sempre o caminho é fácil. Cristo diz: ‘no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo. Eu venci mundo’. Deus sempre nos dará força pra enfrentar as tragédias da vida e no final sempre nos dará a vitória”, disse.
Rosi Rodrigues especial para o site OBemdito
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