Sexta-feira, 22 de novembro de 2024 Login
O tratamento dura de 6 ou 12 meses e é oferecido de forma gratuita no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)
Foto: Ministério da Saúde/ Divulgação
Dia 26 de janeiro é celebrado no Brasil o dia de combate e prevenção à Hanseníase. Em alusão ao Janeiro Roxo, a campanha "Hanseníase: conhecer para não discriminar", o Ministério da Saúde reforça a importância de quebrar preconceitos e buscar um diagnóstico precoce para romper a transmissão da doença que hoje afeta cerca de 28 mil pessoas em todo o país.
De acordo com Carmelita Ribeiro Filha, coordenadora da área técnica de Hanseníase da Coordenação Geral de Vigilância das Doenças em Eliminação (SVS/MS), a troca de experiências entre quem superou a doença e quem está se tratando é fundamental para fortalecer a rede de acolhimento. “Uma vez que sabem sobre a doença (transmissão, a questão da cura), é possível informar que não precisa ter medo da pessoa doente”, comentou.
O médico do Hospital Universitário de Brasília (HUB) e professor da Faculdade de Ciências de Saúde da UnB, Ciro Martins Gomes destaca que a discriminação pode levar ao atraso do diagnóstico e, consequentemente, do tratamento. “É um dos principais desafios que enfrentamos pois são fatores que fazem a doença ainda existir no país. A hanseníase tem cura e o tratamento precoce é a melhor forma de acabar com a transmissão e as sequelas”, alerta.
Marly Araújo, do Distrito Federal, é portadora da doença e diz que ”quando você se aceita, é mais fácil as pessoas te aceitarem. A troca experiência ensina a passar por cima dos preconceitos quando encontramos outras pessoas com a doença”.
O tratamento de Hanseníase dura de 6 ou 12 meses e é oferecido de forma gratuita no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A mancha avermelhada na pele, alteração de sensibilidade e perda de força nos braços são sinais e sintomas importantes. A hanseníase é uma doença crônica, transmissível, de notificação compulsória e investigação obrigatória em todo território nacional. Além de afetar a saúde, a doença afeta a autoestima das pessoas acometidas.
A hanseníase pode acometer pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade. Entretanto, é necessário um longo período de exposição à bactéria, sendo que apenas uma pequena parcela da população adoece.
O que é Hanseníase?
É uma doença infecciosa e contagiosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae. Afeta a pele e os nervos periféricos, ocasionando lesões neurais, conferindo à doença um alto poder incapacitante.
A transmissão ocorre através das vias aéreas (secreções nasais, gotículas da fala, tosse, espirro) de pacientes sem tratamento. O paciente que está sendo tratado deixa de transmitir a doença, cujo período de incubação pode levar de três a cinco anos. A maioria das pessoas que entra em contato com estes bacilos não desenvolve a enfermidade.
A hanseníase é uma das enfermidades mais antigas do mundo. No século 6 a.C já havia relatos da doença. Supõe-se que tenha surgido no Oriente e, de lá, tenha atingido outras partes do mundo por tribos nômades ou navegadores. Os indivíduos que tinham hanseníase eram enviados aos leprosários ou excluídos da sociedade, pois a enfermidade era vinculada a símbolos negativos como pecado, castigo divino ou impureza, já que era confundida com doenças venéreas. Por medo do contágio da moléstia – para a qual não havia cura na época – os enfermos eram proibidos de entrar em igrejas e tinham que usar vestimentas especiais e carregar sinetas que alertassem sobre sua presença.
Até a década de 1940, o tratamento de pacientes com hanseníase ocorria em estabelecimentos conhecidos como leprosários, onde eram compulsoriamente isolados; recebiam um medicamento fitoterápico natural da Índia, o óleo de Chaulmoogra, administrado através de injeções ou por via oral. No final dos anos 1940, um novo fármaco foi desenvolvido, a sulfona, cujo poder terapêutico marcou uma nova fase na terapia da hanseníase, ao acabar com a contagiosidade do doente que, ainda no início do tratamento, deixava de contaminar as pessoas ao seu redor.
No Brasil, a segregação dos portadores de hanseníase foi uma medida de controle da doença implementada pelo Estado e legitimada pela sociedade ao longo de aproximadamente quatro décadas, entre os anos de 1920 e 1960.
A cada ano, cerca de 210 mil mulheres, homens e crianças são diagnosticados com hanseníase, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Até 50% das pessoas afetadas pela hanseníase enfrentarão, além da própria doença, problemas de saúde mental, como depressão ou ansiedade, com risco aumentado de suicídio.
Sintomas e tratamento:
- manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, em qualquer parte do corpo, com perda ou alteração da sensibilidade ao calor e ao frio; ao tato e à dor, principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas;
- áreas do corpo com diminuição dos pelos e do suor;
- dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas;
- inchaço em mãos e pés;
- diminuição da sensibilidade e/ou da força muscular da face, mãos e pés;
- lesões em pernas e pés;
- caroços no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos;
- febre, inchaço e dor nas articulações;
- entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz;
- ressecamento nos olhos.
O tratamento consiste na associação de antibióticos usados de forma padronizada. O paciente deve tomar a primeira dose mensal supervisionada pelo profissional de saúde, sendo as demais auto administradas. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento e o acompanhamento da doença em unidades básicas de saúde e em unidades de referência.
Prevenção:
O diagnóstico precoce, o tratamento oportuno e a investigação de contatos que convivem ou conviveram, residem ou residiram, de forma prolongada com pacientes acometidos por hanseníase, são as principais formas de prevenção.
Na suspeita da doença, é preciso procurar atendimento em uma unidade de saúde o mais rápido possível, para evitar a evolução da enfermidade para incapacidades e deformidades físicas que dela podem surgir.
O Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase tem por objetivo de chamar a atenção para as medidas de prevenção e controle, bem como alertar para os aspectos frequentemente negligenciados - os mitos e conceitos errôneos sobre a doença que muitas pessoas afetadas experimentam diariamente.
Com informações do Ministério da Saúde
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