Domingo, 24 de novembro de 2024 Login
A Fiocruz promoveu, na manhã desta quarta-feira (17/3), uma cerimônia para marcar a entrega ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde (MS) do primeiro lote de vacinas Covid-19 produzidas na instituição. O evento, no campus de Manguinhos, no Rio de Janeiro, contou com a presença do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, do presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia e que tomará posse em breve como novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, da presidente da Fundação, Nísia Trindade Lima, e outras autoridades. A Fundação entregou 500 mil doses e, até sexta-feira (19/3), entregará outras 580 mi.
Com o registro definitivo, concedido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 12 de março, a Fiocruz passou a ser a detentora do primeiro registro de uma vacina Covid-19 produzida no país. Em entrevista coletiva após a saída do primeiro caminhão com lotes da vacina, Queiroga disse que o distanciamento social e a melhora no atendimento hospitalar, aliados à vacinação em massa e o respeito aos protocolos, como o uso de máscaras, contribuirão decisivamente para o controle da pandemia e a diminuição do número de mortes e internações. Ele ressaltou que conta com a força da Fiocruz para vencer a pandemia. Pazuello afirmou que o país “sangrou” devido aos atrasos com a produção da vacina e que até julho o país terá imunizado metade de sua população vacinável e a outra metade até o fim do ano.
A presidente Nísia Trindade Lima disse que a entrega das primeiras doses fabricadas na Fiocruz “é um marco para o país começar a superar a grave crise sanitária, econômica, social e humanitária que vive”. Segundo a dirigente, “a vacina é um dos principais instrumentos para virarmos esta página. Em breve daremos outro passo importante, o da fabricação do insumo na Fiocruz e então poderemos ampliar o fluxo de entregas ao Ministério da Saúde. Tudo fruto de um trabalho coletivo, com a parceria internacional de Oxford, da Astra/Zeneca e do Instituto Serum. E que mostra, mais uma vez, a importância de o país contar com laboratórios públicos como a Fiocruz e o Butantan”.
O diretor de Bio-Manguinhos, Maurício Zuma, disse que até o fim do mês a Fiocruz deverá entregar cerca de 6 milhões de doses por semana, até atingir o total de 100,4 milhões previstas no contrato com a Astra/Zeneca, cujo cronograma seguirá até julho. “A partir da produção local do [Ingrediente Farmacêutico Ativo] IFA, uma tecnologia altamente complexa, vamos ganhar em celeridade. É um orgulho participar desta história”.
Marcelo Queiroga, acompanhando o ministro Pazuello, afirmou que o Brasil é conhecido por sua grande capacidade de vacinação e que a imunização conterá a pandemia, a partir da redução da circulação do vírus. “O Complexo Econômico e Industrial da Saúde vai nos garantir autonomia para a produção da vacina neste ano e nos próximos, pois o vírus veio para ficar. A Fiocruz é uma instituição de alto nível do Estado brasileiro, herdeira dos grandes feitos de Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, que no passado combateram epidemias, e promotora da ciência e da vida. É o serviço público dando respostas à população e atendendo às demandas do Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Queiroga adiantou que pretende unificar protocolos do tratamento hospitalar para pacientes de Covid-19. “É fundamental que a conduta assistencial no país como um todo seja homogênea. Precisamos ter protocolos uniformizados de assistência nas UTIs e transferir a expertise que se encontra nos grandes centros para as unidades de terapia intensiva que estão nas cidades mais distantes, nos estados menores. O paciente precisa de um atendimento mais rápido”, pontuou.
Pazuello lembrou que as negociações para a produção da vacina pela Fiocruz começaram em julho de 2020 e contaram com uma fundamental colaboração da Fiocruz. “A entrega que fazemos hoje ainda é pequena, mas muito simbólica. A partir de agora temos uma segunda instituição produzindo a vacina no Brasil. Infelizmente ocorreram atrasos que nos fizeram sangrar. Mas chegou a hora da virada. Temos 562 milhões de doses contratadas, de sete produtores diferentes, e nesta semana vamos disponibilizar 5,6 milhões”.
Ele citou ainda o investimento feito pelo governo federal no Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (Cibs), em Santa Cruz, na zona Oeste do Rio de Janeiro, que vai permitir multiplicar por quatro a produção de vacinas pela Fiocruz e que receberá recursos da ordem de R$ 3,2 bilhões. O ministro disse que a Fiocruz está alinhada com as políticas públicas do governo federal e que entregará ao seu sucessor um Ministério da Saúde melhor estruturado. “Haverá uma continuidade na nova gestão. Vamos controlar a pandemia com a vacinação e a adoção dos novos hábitos. E permanecerei próximo à Fiocruz, uma instituição fantástica”.
O secretário de Vigilância em Saúde do MS, Arnaldo Medeiros, garantiu que a pasta está atenta a possíveis eventos adversos pós-vacinação. “Criamos o primeiro boletim dedicado a esses efeitos e temos mantido uma vigilância permanente, com total controle dos imunizantes que são distribuídos, com o apoio da Anvisa. A vacina produzida pela Fiocruz apresenta altíssima eficácia e segurança também em relação às variantes do coronavírus. A população pode ficar tranquila que tudo está sendo muito bem monitorado”.
Sobre essa questão, a presidente da Fiocruz afirmou que a instituição também é responsável por esse acompanhamento e que a autoridade de saúde da União Europeia esclareceu que não há razões para interromper a vacinação, já que os benefícios são grandes. “Estudos pós-vacinação apontam para uma redução drástica das internações por Covid-19”, disse Nísia.
Fonte: Agência Fiocruz