Segunda-feira, 25 de novembro de 2024 Login
O tabagismo é uma importante causa de morte no mundo, sendo responsável por mais de uma a cada dez. Apesar de necessário, existem pouca demanda para tratamentos presenciais de cessação do fumo, por isso, diversos aplicativos de celular têm sido utilizados em todo o mundo.
Com o objetivo de determinar a eficácia desses aplicativos, um estudo realizado nos Estados Unidos teve seus resultados publicados, no último mês, no JAMA Internal Medicine.
O ensaio clínico duplo-cego e randomizado comparou dois aplicativos para smartphone: o iCanQuit, que utiliza a terapia de aceitação e compromisso versus o QuitGuide, aplicativo do National Cancer Institute que utiliza as diretrizes de prática clínica dos EUA.
Os participantes foram recrutados online, foram randomizados e completaram pesquisas de acompanhamento em 3, 6 e 12 meses após a randomização.
O desfecho primário foi autorrelato de abstinência de prevalência (PPA) de 30 dias 12 meses após a randomização. Os secundários foram: abstinência de prevalência de sete dias em 12 meses, abstinência prolongada, abstinência de prevalência de 30 dias e de sete dias em três e seis meses após a randomização e dados ausentes com imputação múltipla ou codificados como tabagismo e cessão de produtos de tabaco (incluindo cigarros eletrônicos) em 12 meses.
Resultados
Após exclusões, 2.415 pessoas foram incluídas no estudo: 1.214 para o grupo iCanQuit e 1.201 para o QuitGuide. As taxas de retenção de dados de acompanhamento foram 86,7% (2.093 de 2.415) em geral em 3 meses (iCanQuit, 85,9% [1.043 de 1214] vs QuitGuide, 87,4% [1.050 de 1201]; P = 0,20), 88,4% (2136 de 2415) no geral em 6 meses (iCanQuit, 87,1% [1058 de 1214] vs QuitGuide, 89,8% [1078 de 1201]; P = 0,05) e 87,2% (2.107 de 2415) no geral em 12 meses (iCanQuit, 85,7% [1040 de 1214] vs QuitGuide, 88,8% [1067 de 1201]; P = 0,02]) .
A idade média foi de 38,2 anos. Mais de 70% eram mulheres (1.700), 69% brancos (1.666) e 35% minorias étnicas e raciais (868). Entre os participantes, 83% (2.009) fumavam por dez anos ou mais e 74% (1.803) fumavam mais de meio maço por dia (≥11 cigarros).
Sobre o desfecho primário, os participantes do iCanQuit tiveram 1,49 vezes mais chances de parar de fumar em comparação com os participantes do QuitGuide (28,2% [293 de 1040] vs 21,1% [225 de 1067]; chances razão [OR], 1,49; IC 95%, 1,22-1,83; P <0,001).
Os resultados dos desfechos secundários foram semelhantes e todos foram estatisticamente significativos para:
Em comparação com as pessoas que usaram o QuitGuide, os participantes do iCanQuit abriram o aplicativo mais vezes (média de 37,5 [88,4] vs 9,9 [50,0]; P <0,001), tiveram mais minutos gastos por sessão (média de 3,9 [5,3 ] vs 2,6 [2,6] minutos; P <0,001) e mais dias de uso único (média de 24,3 [50,2] vs 7,1 [15,8] dias; P <0,001).
Além disso, os usuários do iCanQuit relataram maior satisfação geral (865 de 977 [88,5%] vs 773 de 1002 [77,1%]; P <0,001), acharam mais útil (805 de 1005 [80,1%] vs 739 de 1033 [71,5%]; P <0,001) e foram mais propensos a recomendar o aplicativo a um amigo (840 de 1011 [83,1%] vs 724 de 1024 [70,7%]; P <0,001).
Por estarem presentes no dia a dia do paciente, aplicativos podem ser uma opção útil no acompanhamento de tratamentos ou até mesmo uma forma de intervenção significativa. Entre os aplicativos que podem auxiliar tabagistas que desejam ou precisam parar de fumar, o iCanQuit, que utiliza a terapia de aceitação e compromisso, foi mais eficaz que aquele que usa diretrizes de prática clínica estadunidenses.
É importante encontrar opções brasileiras de aplicativos que utilizem a mesma metodologia e para indicá-los no tratamento dessas pessoas.
Fonte: PEBMED
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
Referência bibliográfica: