Segunda-feira, 25 de novembro de 2024 Login
No início da pandemia de Covid-19, a asma foi considerada como grupo de risco, mas com o passar dos meses, o número de casos ficou pequeno
Foto: Divulgação
No início da pandemia de Covid-19, diversas condições e fatores foram consideradas de risco aumentado para evolução com gravidade, como hipertensão e diabetes, por exemplo. Entre as doenças respiratórias, as pessoas com asma também foram consideradas por diversos órgãos como grupo de risco, requerendo cuidados maiores.
Porém, com o passar dos meses, o número de casos de pessoas com asma hospitalizadas parecia relativamente pequeno, o que levantou a hipótese de que esses pacientes não deveriam ser considerados de risco. Mas, antes de dar a palavra final, pesquisadores realizaram um estudo, que foi publicado recentemente no Annals of the American Thoracic Society.
A pesquisa foi realizado em duas partes: primeiro, uma metanálise de 15 estudos sobre o predomínio da asma em pacientes hospitalizados com infecção confirmada pelo SARS-CoV-2 e, segundo, análise transversal de 436 pacientes com Covid-19 internados no University of Colorado Hospital e a probabilidade de serem intubados.
A metanálise comparou os estudos de prevalência de asma nos pacientes com infecção confirmada, com data de publicação até 7 de maio de 2020, com a prevalência de asma na população e a prevalência média de asma em quatro anos de hospitalizações por influenza nos Estados Unidos. Para a revisão, foi usado o método Clopper-Pearson para criar intervalos de confiança de 95% para a prevalência de asma em cada estudo.
Já na análise transversal, foi utilizado o modelo de regressão logística multivariável para avaliar os efeitos da asma na intubação, após controle por idade, sexo e índice de massa corporal (IMC).
Resultados
Os pesquisadores também compararam o risco de asma em outros coronavírus, encontrando uma prevalência semelhante nos casos de SARS-CoV aos de SARS-CoV-2, porém uma prevalência um pouco maior nos casos de MERS.
Em outra análise, concluíram que a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), ao contrário da asma, pode ser considerada fator de risco para evolução com gravidade.
Apesar de ter poucos estudos significantes disponíveis, os pesquisadores acreditam que a asma não deve ser considerada um fator de risco para gravidade em Covid-19.
Uma das hipóteses levantadas está relacionada ao receptor ACE2. Como outros estudos sugerem que a diabetes e hipertensão podem aumentar a expressão de ACE2 no epitélio das vias aéreas e isso poderia estar relacionado à gravidade da Covid-19, o uso de corticoide inalatório na asma pode diminuir essa expressão, o que tornaria mais difícil a entrada do vírus. Além disso, pacientes asmáticos que possuem um fenótipo predominantemente alérgico podem ter expressão de ACE2 ainda mais baixa.
De qualquer forma, não está comprovada a relação do receptor ACE2, assim como outros estudos são necessários para avaliar a asma e outros fatores de risco para Covid-19. Mas, por ser uma doença tão nova e com tanta pouca evidência, é importante sempre estar alerta para as condições que poderiam levar à hospitalização desses pacientes.
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
Referência bibliográfica:
Fonte: pebmed.com.br