Sábado, 23 de novembro de 2024 Login
O tratamento com Plasma Convalescente foi integrado ao protocolo de pacientes graves de Covid-19 em dois hospitais da região: Santa Casa Maria Antonieta de Goioerê e Hospital Cemil de Umuarama. O plasma, retirado do sangue de pacientes curados de Covid-19 possui anticorpos capazes de matar o vírus ativo e tem se mostrado eficiente na recuperação mais rápida de pacientes internados em UTIs.
O Hemepar - Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná está convocando doadores em todo o Estado. Podem doar pacientes recuperados de Covid-19, que estejam em boas condições de saúde. O doador deve pesar no mínimo 50 quilos e ter entre 16 e 69 anos. Os menores de idade devem ter autorização dos responsáveis.
Para doar é necessário agendar no Hemonúcleo da sua cidade, ou através do site da Hemepar: CLIQUE AQUI. Em Umuarama, o agendamento pode ser feito pelo telefone: (44) 3621-8307.
A implantação do tratamento com plasma convalescente em Goioerê e Umuarama é fruto da parceria entre a chefe da divisão de produção do Hemepar, Anália Machado, do chefe do Hemonúcleo de Umuarama, Cláudio Francisconi da Silva e dos médicos intensivistas, Dr. Jackson Erasmo Fuck e Dr. Ronaldo de Souza, que integram o SAMUTI - Serviço de Ações em Medicina de Urgência e Terapia Intensiva.
PRIMEIROS RESULTADOS
No primeiro boletim médico expedido na manhã desta quinta-feira (20) - cerca de 24 horas após infusões de Plasma Convalescente em três pacientes internados em Goioerê - o relato é de “ melhora considerável no quadro dos três pacientes, especialmente na resposta respiratória”.
A técnica de transfusão de plasma convalescente data de 1918 e tem sido largamente empregada na medicina para o tratamento imunológico, amplamente utilizada durante a pandemia da gripe espanhola em 1918.
No tratamento de Covid-19, um dos estudos mais abrangentes, realizado entre abril e junho nos Estados Unidos, com cerca de 35 mil pacientes, demonstrou que as taxas de mortalidade entre os pacientes graves diminuíram para 8,6% em comparação com 12% do período anterior*.
O Plasma de Convalescente é uma terapia adicional, tendo em vista as diversas intervenções clínicas que o tratamento de Covid-19 pode necessitar.
“O mecanismo da doença é complexo” – ressalta o médico. Segundo ele, existe um processo de coagulação e inflamação que causa lesões em diversos órgãos como rins, cérebro, fígado, coração e não só no pulmão.
“O uso do plasma nos pacientes mais graves tem o objetivo de matar o vírus, que pode continuar se multiplicando durante a evolução da doença, agravando ainda mais o quadro do paciente. É uma terapia segura, com estudos comprovados que demonstram a redução da mortalidade
SAIBA MAIS
* Os pesquisadores e colaboradores da Mayo Clinic publicaram um preprint que identifica dois sinais principais de eficácia que podem informar futuros ensaios clínicos sobre terapia de plasma para pacientes com COVID-19. Os dados são extraídos do Programa Nacional de Acesso Expandido (EAP) para plasma convalescente para o tratamento de pacientes hospitalizados com COVID-19. Especificamente:
• Os sinais de eficácia do plasma convalescente estão associados à redução da mortalidade por COVID-19 em mais de 35.000 pacientes.
• A taxa de mortalidade em sete dias foi reduzida em pacientes transfundidos dentro de três dias do diagnóstico de COVID-19 em comparação com pacientes transfundidos quatro ou mais dias após o diagnóstico de COVID-19. Tendências semelhantes foram observadas para a taxa de mortalidade em 30 dias.
• O uso de plasma convalescente com níveis mais elevados de anticorpos foi associado à redução da mortalidade em sete e 30 dias.
• Esta atualização inclui participantes adultos inscritos no EAP nacional entre 4 de abril e 4 de julho que foram hospitalizados com (ou em risco de) síndrome respiratória aguda COVID-19 grave ou com risco de vida.
• A coorte incluiu alta proporção de pacientes graves, com 52,3% em unidade de terapia intensiva (UTI) e 27,5% recebendo ventilação mecânica no momento da transfusão de plasma.
- FONTE: uscovidplasma.org
Terapia antiga
A coleta e transfusão de plasma convalescente como tratamento foi usada pela primeira vez na década de 1890 e ajudou a reduzir a gravidade de vários surtos de doenças infecciosas antes do desenvolvimento da terapia antimicrobiana na década de 1940 e na pandemia da gripe espanhola em 1918.
No início do século 20, o tratamento com plasma convalescente foi usado durante surtos de várias doenças infecciosas, incluindo sarampo, caxumba e gripe. Mais recentemente, foi usado durante a pandemia de gripe H1N1 em 2009 e novamente em 2013 durante o surto de Ebola na África Ocidental.
- FONTE: Hemocentro Unicamp