Sábado, 23 de novembro de 2024 Login
O projeto do respirador mecânico de Umuarama será submetido ao credenciamento na ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
O engenheiro mecânico clínico do Instituto Nossa Senhora Aparecida de Umuarama, Marcelo Coelho desenvolveu o protótipo de um respirador mecânico eletrônico similar aos utilizados em pacientes com sintomas graves do Coronavírus Covid-19. O projeto foi apresentado a médicos do corpo clínico do hospital na tarde de terça-feira (5), que atestaram a viabilidade técnica do equipamento, que agora vai para o credenciamento na ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
“O projeto conta com uma ampla consultoria técnica de engenheiros e médicos, além de profissionais da área de computação e professores, mestres e doutores de várias universidades brasileiras e do exterior, conforme citado na apresentação”, disse Marcelo.
Durante as primeiras semanas do isolamento social, preocupado com a possibilidade de um grande número de casos de Covid-19 na região, o engenheiro decidiu consertar respiradores antigos que estavam guardados no almoxarifado do Instituto Nossa Senhora, alguns da década de 1970. Foram recuperados três respiradores pneumáticos, que funcionam sem o uso de energia elétrica. Apesar de já ultrapassados, estão em condições de uso.
“Acompanhamos notícias de iniciativas assim em outros países, onde respiradores antigos como os que temos aqui foram reformados e ajudaram a salvar vidas e isso nos motivou”, conta.
Depois de consertar os respiradores antigos e estudar a evolução e a dinâmica dos equipamentos atuais, Marcelo e sua equipe resolveram montar um protótipo.
“O primeiro protótipo foi pneumático. Um equipamento simples de ventilação, mas que poderia ser facilmente produzido em caso de uma necessidade extrema”, relata o engenheiro.
Os estudos continuaram e, em poucas semanas, chegou-se ao segundo protótipo, desta vez de um respirador eletrônico, com configuração similar aos utilizados em hospitais para o tratamento de pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave – uma das complicações do Covid-19.
“Ainda não estamos livres da iminência de um grande número de doentes aqui na nossa região. Por isso mesmo, estamos submetendo o nosso projeto para avaliação técnica dos profissionais de saúde e buscando o seu e credenciamento junto aos órgãos competentes”, explica Marcelo.
O protótipo segue as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR ISO 80601-2-12:2014 e regulamentações técnicas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. Os profissionais também estão buscando apoio técnico junto ao Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO.
Segundo ele, o primeiro passo é a regulamentação junto a ANVISA. “A avaliação dos profissionais do Instituto Nossa Senhora nos ajudou muito. Estamos fazendo alguns ajustes, adaptações e mudanças sugeridas por eles e queremos estar com tudo pronto, caso haja a necessidade de produzir esses equipamentos, mesmo que em pequena escala inicialmente”, disse Marcelo.
O projeto conta com o apoio da direção do Instituto Nossa Senhora Aparecida e de empresas parceiras. “A dificuldade para adquirir equipamentos médicos no mercado mundial, especialmente os respiradores mecânicos, nos fez olhar com mais atenção para este projeto. O momento ainda é de alerta máximo e não podemos descartar nenhuma possibilidade”, disse o gestor do Instituto, Cristiano Nelli.
Outro ponto destacado por Nelli é a dependência de mercados externos para o fornecimento desses equipamentos ou das peças e insumos para sua fabricação no Brasil. “Com isso o Instituto Nossa Senhora Aparecida quer dar seu apoio ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia nacional e apoiar a reflexão sobre a necessidade de mais investimentos públicos e privados no setor”, enfatizou.
A equipe de engenheiros envolvida na construção do protótipo do respirador mecânico em Umuarama trabalha voluntariamente no projeto. O Instituto Nossa Senhora Aparecida cedeu alguns insumos, além de equipamentos antigos e a consultoria de médicos do corpo clínico e profissionais de saúde que trabalham diretamente com respiradores mecânicos no seu dia a dia. Outras empresas colaboraram doando equipamentos e insumos.