Sábado, 3 de maio de 2025 Login
A asma é uma das doenças respiratórias mais comuns no Brasil, afetando cerca de 20 milhões de pessoas1. Popularmente confundida e chamada como bronquite, a condição é caracterizada, principalmente, pela falta de ar, chiado no peito e pelo comprometimento da qualidade de vida dos pacientes. Apesar dos avanços no diagnóstico e no tratamento, muitos brasileiros ainda enfrentam dificuldades para controlar a doença, que é hoje a quarta principal causa de internações no Sistema Único de Saúde (SUS)1.
O cenário é ainda mais crítico para quem convive com a forma grave da asma — caracterizada pela presença de sintomas frequentes e intensos, mesmo com o uso adequado de terapias convencionais. Embora essa forma mais grave atinja uma parcela menor da população com asma (cerca de 3% a 5%)2, ela representa um impacto expressivo no sistema de saúde, aumentando o número de idas ao pronto-socorro, hospitalizações e óbitos2. Estima-se que pacientes com asma grave tenham uma média 15 vezes maior de visitas a unidades de emergência em comparação com pacientes com formas moderadas da doença3.
Nos últimos anos avanços importantes aconteceram na compreensão da causa da asma e de seus diferentes perfis inflamatórios, o que tem aberto caminho para tratamentos mais personalizados1. No entanto, no Brasil, muitos pacientes com asma alérgica grave ainda enfrentavam a falta de alternativas terapêuticas individualizadas no SUS, o que dificultava o controle adequado da doença1.
Recentemente, o sistema público de saúde deu um passo significativo ao aprovar a atualização no tratamento da asma grave4, incorporando novas alternativas terapêuticas baseadas em avanços científicos4. A decisão representa um marco para os pacientes, pois amplia as opções disponíveis para aqueles que não respondiam de maneira satisfatória aos tratamentos convencionais com broncodilatadores e corticoides inalatórios4 e até mesmo a alguns imunobiológicos, mas ainda aguardamos ansiosos para efetiva oportunidade de prescrição aos pacientes via publicação no diário oficial e atualização do PCDT (Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas) da asma.
Essa atualização chega em um momento em que os desafios relacionados ao controle da asma se tornaram ainda mais evidentes. Dados apontam que, entre 2014 e 2021, a mortalidade por asma no Brasil cresceu 14%1, o que reforça a necessidade de estratégias mais eficazes para reduzir o número de crises graves e hospitalizações.
Embora o novo tratamento esteja oficialmente aprovado4, ainda será necessário um período de adaptação para que as unidades de saúde implementem as novas diretrizes, garantindo que os avanços cheguem de forma efetiva à população.
A constante evolução do SUS e sua capacidade de absorver novas tecnologias são essenciais para que pacientes com doenças crônicas, como a asma grave que pode afetar pessoas de todas as idades, possam ter acesso a terapias mais modernas e eficazes. A atualização do protocolo de tratamento reafirma o compromisso do sistema público com a inovação e com a promoção de uma saúde mais acessível e de maior qualidade para todos os brasileiros.
A Dra. Angela Honda é pneumologista, diretora executiva e líder de Programas Educacionais da Fundação ProAR.
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BIBLIOGRAFIA CITADA
1. EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES. Médicos alertam para os riscos da asma, que causa 140 mil internações por ano.
2.SCHIVINSKI, Carolina Ignarra et al. Gravidade da asma em adultos: fatores clínicos, funcionais e inflamatórios relacionados. Jornal Brasileiro de Pneumologia, São Paulo, v. 49, 2023.
3. Jardim Jr. Pharmacological Economics And Asthma Treatment. J Bras Pneumol 2007; 3 3:Iv-Vi.
4. SECRETARIA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÃO E DO COMPLEXO ECONÔMICO-INDUSTRIAL DA SAÚDE DO MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria SECTICS/MS nº 3, de 31 de janeiro de 2025. Incorporação de novos tratamentos para asma grave no Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em: https://unidospelavida.org.br.
Artigo enviado por Beatriz Hira - Jornalista - Assessora de Imprensa
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