Sexta-feira, 22 de novembro de 2024 Login
Mais de 11,3 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 foram aplicadas pelos municípios em moradores de outras cidades – que, em média, viajaram 252 quilômetros até o local de vacinação. Na prática, a cada seis doses de vacinas aplicadas em todo o Brasil, uma foi em pessoas que saíram da cidade onde moram para serem vacinadas. Essa é uma das conclusões de um novo estudo da equipe do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), divulgado na nota técnica Deslocamento da população em busca da vacina. Entre outras conclusões, o trabalho mostra que pouco mais da metade dos municípios brasileiros (2.886, de um total de 5.570) aplicou menos doses de vacinas do que a média nacional do percentual de doses necessárias (23% do total da população a ser vacinada). Isso é um forte indicador de uma falha no esforço nacional de imunização, que deveria vacinar a população de maneira homogênea, com proporções similares nos municípios para os grupos prioritários e por idade.
Na figura abaixo, essa distribuição percentual é apresentada segundo municípios. O estudo da Fiocruz concentrou-se na análise comparativa dos locais de residência e de vacinação de todas as 73,8 milhões de doses aplicadas até 16 de junho, de acordo com os registros do Sistema de Informações do Plano Nacional de Imunização (SI-PNI).
A nota técnica aponta que a falta de uma integração em nível nacional entre o Ministério da Saúde, os estados e municípios pode estar provocando essa distorção e, em consequência, o fato de o número de doses aplicadas em metade dos municípios do país ainda estar abaixo da média nacional. “As medidas baseadas em tomada de decisão individualizada e sem coordenação e estratégias conjuntas falharam na contenção da doença e no tratamento de casos graves. Decisões que não considerem as redes de atenção em saúde podem colocar em risco a população, que, eventualmente, tem que se deslocar sem necessidade em busca de um atendimento básico que todos os municípios do país têm capacidade de realizar”, informa a nota.
Os deslocamentos de pessoas para vacinação em outras localidades atrapalham o planejamento das secretarias municipais de Saúde e podem prejudicar o calendário de vacinação das prefeituras, causando adiamento da aplicação de vacinas. "Sem uma coordenação nacional, que integre efetivamente as políticas de vacinação de estados e municípios, sob a liderança do Ministério da Saúde, continuaremos a ver fortes discrepâncias no esforço de vacinação, com enorme variação entre o percentual de vacinados de cidade para cidade, mesmo dentro de um único estado”, analisa o epidemiologista Diego Xavier, do Icict/Fiocruz.
Clique aqui para acessar a nota técnica completa.
Com informações da Agência de Notícias Fiocruz
Fotos: divulgação
COMUNICAÇÃO PARA A SAÚDE
Informação que salva vidas: a importância da mídia em campanhas como o Novembro Azul