Sexta-feira, 22 de novembro de 2024 Login
Muito se fala nos danos que o mosquito aedes aegypti pode causar na vida das pessoas, mas o foco principal, ou que se popularizou mais é com relação à dengue, tanto que o inseto é conhecido como 'mosquito da Dengue'. Mas a chikungunya, doença causada pelo mesmo mosquito, tem dados preocupantes. Em 2020 foram notificados 82.419 casos prováveis da doença no Brasil. A taxa de incidência é de 39,2 casos por 100 mil habitantes.
As dores nas articulações (artralgia) é um dos sintomas mais comuns da infecção por chikungunya durante a fase aguda da doença. E é também uma das sequelas. Um estudo realizado por pesquisadores da Fiocruz, investigou os fatores de risco persistente em pacientes com chikungunya e seu impacto nas atividades cotidianas. Os resultados do estudo, realizado com 153 pacientes com diagnóstico da doença, apontaram uma elevada frequência de pessoas com dores nas articulações após três meses do início da doença (42,5%) e mesmo após um ano e meio (30,7%).
Chama atenção que 93,8% daqueles que permaneceram com dor articular por mais de três meses disseram ter limitações nas atividades diárias, como pentear o cabelo e vestir a roupa, e 61,5% relataram sofrimento mental, como alterações no humor e sinais de depressão.
A pesquisa, coordenada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia Guilherme Ribeiro, foi descrita em artigo publicado no periódico International Journal of Infectious Disease. Passada a fase inicial, os sintomas podem desaparecer completamente ou evoluir para artralgia contínua, que persistindo por três meses ou mais é classificada como crônica. No estudo, o sexo feminino e a idade foram apontados como os maiores fatores de risco para a dor persistente.
Os pesquisadores explicam que a limitação das atividades cotidianas e o sofrimento físico e mental causados pela persistência da dor articular podem levar a ausência do indivíduo do trabalho ou da escola, perda de emprego, observada para 10% dos pacientes que apresentaram dor crônica, e redução da qualidade de vida, gerando impactos no sistema de seguridade social e na economia.
O trabalho também demonstrou que, apesar do impacto da chikungunya na qualidade de vida dos indivíduos, o acesso a cuidados especializados multidisciplinares, como fisioterapia, reumatologia e psicologia, foi baixo dentre os participantes do estudo, provavelmente em decorrência da oferta limitada desses serviços no sistema público de saúde e da impossibilidade de aquisição no atendimento privado.
Diante desses dados, os pesquisadores ressaltam que o desenvolvimento de novas estratégias para mitigar a transmissão da chikungunya e o fornecimento de assistência médica de longo prazo para esses pacientes é urgente.
Cléo Neres - jornalista
Movimento Saúde
Com Informações da Agência Fiocruz
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