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A Covid-19 alterou os cuidados pessoais, a interação, o trabalho e os atendimentos na saúde pública

Foto: Divulgação

Radar do Câncer: exames e tratamentos caíram até 50% durante a pandemia de Covid-19

Publicado em 11/03/2021 às 10:34

DATASUS revela que exames e tratamentos para câncer caíram até 50% durante a pandemia de Covid-19? Como enfrentar esta realidade? O Radar do Câncer foi idealizado e criado pelo Instituto Oncoguia (www.oncoguia.org.br) com o objetivo de auxiliar pesquisadores, repórteres, associações, secretários de saúde e o público em geral a entender os impactos dos diferentes tipos de câncer na população brasileira, bem como identificar possíveis gargalos no tratamento e na assistência desses pacientes.

Câncer e Covid-19

Um desses “radares” foi desenvolvido para conhecer o impacto da Covid-19 na assistência oncológica, com foco nos dados coletados no DATASUS. A Covid-19 trouxe mudanças no dia a dia das pessoas, alterando os cuidados pessoais, a interação, a forma de trabalho e principalmente os atendimentos no sistema público de saúde. Utilizando esses dados públicos foi possível comparar os dados de 2020 com os de 2019 de alguns itens relacionados com o rastreamento, diagnóstico e tratamento dos pacientes oncológicos.

O Oncoguia ressalta que os dados do período da Covid-19 (mar/2020 a dez/2020) são passíveis de atualização por parte dos estados/municípios, portanto os valores aqui apresentados podem sofrer alterações de acordo com a atualização dos arquivos do DATASUS.

Alguns destaques, infelizmente muito negativos:

Radar do Câncer e Covid-19

Radar do Câncer e Covid-19

Radar do Câncer e Covid-19

Radar do Câncer e Covid-19

Várias publicações internacionais têm alertado sobre o impacto futuro da Covid-19 na saúde oncológica que certamente perdurará por muito mais tempo que a eventual duração da pandemia. Redução das taxas de cura já são esperadas nos próximos anos. Exames de rastreamento adiados, sintomas e sinais negligenciados, medo dos pacientes de se contaminarem em clínicas e hospitais, restrições reais de acesso por eventuais lockdowns, sobrecarga real do sistema de saúde, equipes desfalcadas, suspensão de procedimentos considerados eletivos ou não emergenciais, tudo isso vai ter um impacto profundo na saúde oncológica dos brasileiros. Não temos dados consolidados do primeiro bimestre de 2021, mas está claro que aqui a pandemia não acabou, podendo comprometer estes números de maneira similar ou até mais profunda do que 2020. Se o ritmo da vacinação acelerar forte nas próximas semanas (possível, mas não provável), poderemos ver a redução de casos quem sabe ainda neste primeiro semestre, do mesmo jeito que alguns países como Israel, a Inglaterra e até os EUA já estão percebendo. Isto poderia ajudar a entrarmos no segundo semestre com uma retomada. Um acúmulo de casos de câncer, diagnósticos represados, mas uma retomada dos atendimentos pré-pandemia de Covid-19.

Importante que médicos, as sociedades médicas envolvidas, a sociedade em geral, pacientes e as ONGs como o Oncoguia (e tantas outras) conheçam estes dados alertem e pressionem os Governos nas 3 esferas (Federal, Estados e Municípios) e o Ministério da Saúde a manter minimamente o funcionamento dos serviços oncológicos durante o ano de 2021, ampliando o acesso, fazendo mutirões para rastreamento, mutirões de consultas, cirurgias, etc.

Reduções de 30-40-50% em exames, terapias, etc em cima de um histórico de baixa cobertura como a do SUS é assustador. Difícil imaginar que a retomada seja em “V” após uma queda tão brusca, no momento em que vários estados e capitais estão colapsando. Mais tabelas e dados mais completos podem ser acessados no site do Oncoguia ou na referência citada abaixo.

A pandemia vai passar e os pacientes não podem pagar mais este preço devido ao coronavírus.

Autor: Gilberto Amorim

Fonte: PEBMED

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