Segunda-feira, 25 de novembro de 2024 Login
Pesquisa brasileira mostra que 80% de adultos sabiam sobre as ISTs, porém não se consideravam em risco
Foto: Divulgação
Mais de um milhão de novos casos de quatro doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são contraídos todos os dias, segundo dados no início de fevereiro pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Isso equivale a mais de 376 milhões de novos casos anuais de quatro enfermidades: clamídia, gonorreia, tricomoníase e sífilis. Em média, uma em cada 25 pessoas no mundo tem, pelo menos, uma dessas DSTs.
“Essas infecções indicam que as pessoas estão correndo riscos com sua saúde, sexualidade e saúde reprodutiva”, disse Melanie Taylor, autora principal do relatório e epidemiologista médica do departamento de Saúde Reprodutiva e Pesquisa da OMS.
A OMS disse que há mais de 376 milhões de novos casos anualmente, com os números representando casos, não indivíduos, uma vez que as pessoas podem ser infectadas com várias DSTs ou podem ser reinfectadas em um ano com uma ou mais DSTs.
Pesquisa brasileira
Pensando na importância de conscientizar a população sobre os riscos e fomentar a prevenção das ISTs, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) realizou duas pesquisas para avaliar os impactos da pandemia na saúde dos adultos e adolescentes.
De acordo com os dados da pesquisa com os adultos, 80% dos entrevistados afirmaram saber sobre as ISTs, porém não se consideravam em risco. Somente 11% afirmaram ter consciência sobre as doenças e o real risco que correm caso mantenham relações sexuais desprotegidas. A pesquisa on-line contou com 479 respondentes, sendo 78% homens e 22% mulheres, de 22 estados brasileiros.
Já a segunda pesquisa mostrou que dos adolescentes entre 12 a 18 anos ouvidos, 15% já tiveram uma iniciação sexual, sendo que 44% não usaram preservativo na primeira relação sexual e 35% não usam ou usam raramente o preservativo nas relações sexuais. Além disso, 38,57% dos meninos revelaram não saber sequer colocar o preservativo.
Sexo ainda é um tabu
Para os jovens, sexo ainda é um tabu, pois 41,67% deles afirmaram não conversar com ninguém sobre sexo, sendo a família e a escola pouco acessadas para a busca de informações, o que os torna mais vulneráveis a conteúdos falsos ou sem qualidade na internet. Os dados se referem a 267 participantes, sendo 170 meninos e 87 meninas de 12 estados brasileiros, estudantes de escolas públicas e privadas.
Segundo o presidente da SBU, professor Antonio Carlos Pompeo, a melhor forma de prevenção é através do diálogo e disseminação de informações de qualidade. “A sexualidade não deve ser encarada como um tabu para podermos discutir com os jovens e os adultos sobre potenciais riscos, consequências da relação sexual desprotegida, bem como as melhores formas de prevenção às ISTs”, afirma.
Para o diretor do Departamento de Infecção da SBU, José Carlos Trindade Filho, as pesquisas da SBU com os adolescentes evidenciaram um dado importante. “Os jovens brasileiros se colocam em comportamento sexual de risco ou por desconhecimento ou por despreocupação. É importante lembrar que proteger a si e ao seu parceiro ou parceira é uma demonstração inequívoca de amor ao próximo”, frisa.
“As infecções sexualmente transmissíveis estão por toda parte, são mais comuns do que pensamos, mas as DSTs não recebem atenção suficiente”, disse. Teodora Wi, médica responsável por DSTs no departamento de Saúde Reprodutiva e Pesquisa da OMS.
Ela sugere que todos os setores devem se unir para combater essas infecções, por exemplo, encorajando mais educação sexual de pais e professores, formuladores de políticas que apoiam os serviços de DST e pesquisadores que trabalham para desenvolver melhores maneiras de prevenir, diagnosticar, tratar e rastrear as DSTs.
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
Autor(a): Úrsula Neves
Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá (UNESA), pós-graduada em Comunicação com o Mercado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e em Gestão Estratégica da Comunicação pelo Instituto de Gestão e Comunicação (IGEC/FACHA)
Referências bibliográficas:
COMUNICAÇÃO PARA A SAÚDE
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