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Mesmo depois de 25 anos erradicada, Poliomielite ainda preocupa autoridades de saúde

Publicado em 24/10/2024 às 16:00 por Editoria Movimento Saúde

No dia 24 de outubro, o Brasil e o mundo celebram o Dia Mundial de Combate à Poliomielite, uma data que reforça a importância da vacinação para manter essa doença longe de nossas crianças. Este ano, a comemoração é ainda mais significativa, há 25 anos a Pólio é considerada erradicada do país. Essa conquista é resultado de um amplo esforço de vacinação que garantiu ao Brasil, e posteriormente a toda a América, a certificação de erradicação da pólio.

A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é causada pelo poliovírus (sorotipos 1, 2, 3), e pode resultar em paralisia permanente e até em morte. Mesmo que muitas infecções sejam assintomáticas, o vírus é altamente contagioso e pode ser transmitido via fecal-oral, afetando principalmente crianças menores de cinco anos. A doença não tem cura e a vacinação é a medida mais eficaz para proteger a população.

O fato de a doença existir em alguns lugares do mundo, remete ao risco de novas infecções importadas e isso preocupa as autoridades de saúde que promoveram mudanças no esquema vacinal contra a Poliomielite.

A bancária Lecir Andréia Martins Magalhães, que vive em Belo Horizonte, foi diagnosticada com Poliomielite em 1975, aos dois anos de idade. “Estou em uma cadeira de rodas por causa da pólio. Foi um processo rápido. Eu andava quando o vírus atingiu meu corpo. Parei de andar e em três dias não falava mais. Quando adoeci, eu já não usava fraldas, comia sozinha. Regredi com o desenvolvimento infantil para um bebê de dias”, conta. A bancária que é de Belo Horizonte, lembra aos pais sobre a importância da vacinação.

Lecir contou com o apoio da família e de outras pessoas para ter uma vida com independência, mas não foi nada fácil. “Foram longos anos de fisioterapia. Estudei em uma escola especializada até os 15 anos de idade. Depois disso fui para uma escola pública, onde me formei primeiro em magistério. Mais tarde fui efetivada no Banco do Brasil, passei no concurso, e estudei a faculdade”. A bancária cursou administração e é pós-graduada em gestão de pessoas. 

Foram vários desafios, segundo ela. “Eu adquiri equilíbrio de tronco. Consigo fazer transferências da cadeira para a cama, para o carro. Foi tudo ao longo da vida que fui desenvolvendo. Tenho mais de 26 anos de carteira de motorista. Dirijo um carro adaptado. Faço uso de cadeira motorizada, mas ao longo da minha vida usei uma cadeira normal, não tinha condições. É muita luta, não é fácil”, pontua.

Além disso, questões do dia-a-dia se tornam mais complexas. Lecir cita problemas de acessibilidade nas ruas, dificuldade para adquirir tecnologias que facilitam a vida das pessoas com deficiência, e a inserção no mercado de trabalho. 

FIM DAS GOTINHAS

Ao longo dos anos, a icônica vacina oral (VOP), conhecida popularmente como “gotinha”, desempenhou um papel crucial no combate à poliomielite. No entanto, o Ministério da Saúde anunciou uma mudança importante no esquema de vacinação: as doses de reforço da VOP foram substituídas pela Vacina Inativada Poliomielite (VIP), que é administrada por injeção. Essa decisão segue as recomendações internacionais e visa tornar o processo de imunização ainda mais seguro e eficiente, já que a VIP utiliza o vírus inativado, eliminando os raros riscos associados ao uso do vírus vivo atenuado presente na versão oral.

O novo esquema vacinal prevê três doses da VIP aos 2, 4 e 6 meses e um reforço adicional aos 15 meses de idade. A mudança coloca o Brasil em alinhamento com práticas adotadas em países como Estados Unidos e nações da Europa, que já utilizam a versão injetável exclusiva em seus programas de imunização. As autoridades de saúde estão decidindo uma transição um passo importante para garantir a erradicação completa da doença globalmente, eliminando qualquer chance de reintrodução do vírus por vacinas orais, que em casos raros podem desencadear uma forma de poliomielite derivada da vacina.

Por que a Vacinação Contínua é Fundamental?

Apesar de a poliomielite estar erradicada no Brasil, o risco de casos importados continua existindo enquanto a doença não for eliminada no mundo inteiro. Atualmente, Paquistão e Afeganistão são os únicos países onde o poliovírus selvagem ainda circula. Por isso, manter altas taxas de cobertura vacinal é essencial para prevenir a reintrodução do vírus no Brasil e garantir que a pólio permaneça como uma doença do passado.

O Brasil, que já foi modelo mundial em campanhas de vacinação, tem visto uma redução preocupante nas taxas de cobertura nos últimos anos. Essa queda expõe o país ao risco de surtos de doenças preveníveis, como a poliomielite. Assim, este Dia Mundial de Combate à Poliomielite serve como um lembrete importante para que os pais mantenham as cadernetas de vacinação de seus filhos no dia e participem das campanhas de imunização.

Uma Conquista Histórica e Um Compromisso Contínuo

Comemorar 25 anos de erradicação da pólio é comemorar o sucesso da ciência, da colaboração internacional e da responsabilidade coletiva. Mas para que essa vitória continue, precisamos seguir vigilantes e comprometidos com a vacinação. Como reforçado pelas autoridades de saúde, vacinar é proteger vidas e garantir um futuro saudável para nossas crianças . Não deixe de fazer a sua parte: a vacinação é um ato de amor e responsabilidade.

 

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