Quinta-feira, 21 de novembro de 2024 Login
Tossir, fungar ou limpar a garganta são tiques vocais típicos da Síndrome de Tourette, doença que tem despertado a atenção das pessoas por acometer o lutador Antonio Carlos, o Cara de Sapato, participante do Big Brother Brasil 23, Reality show exibido pela rede Globo. O brother contou aos colegas, durante uma conversa, que convive com o problema desde os sete anos, quando foi diagnosticado.
Conforme explica médico e cientista Drauzio Varela, os diferentes tiques variam no decorrer de uma semana ou de um mês para outro e não estão ligados necessariamente a questões emocionais. “Em geral, esses tiques ocorrem em ondas, com frequência e intensidade variáveis, pioram com o estresse, são independentes dos problemas emocionais e podem estar associados a sintomas obsessivo-compulsivos (TOC), ao distúrbio de atenção com hiperatividade (TDAH) e a transtornos de aprendizagem.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença é rara e atinge 1% da população.
Sintomas
A Síndrome de Tourette é um distúrbio do sistema nervoso, cuja causa ainda é desconhecida. Dr. Drauzio ressalta que em 80% dos casos, os tiques motores são a manifestação inicial da síndrome. Eles incluem piscar, franzir a testa, contrair os músculos da face, balançar a cabeça, contrair em trancos os músculos abdominais ou outros grupos musculares, além de movimentos mais complexos que parecem propositais, como tocar ou bater em objetos próximos.
Com o passar do tempo e o desenvolvimento cognitivo, os tiques podem evoluir para a emissão parcial ou completa de palavras. Embora sejam menos frequentes, os sintomas que tornaram a síndrome mais conhecida são os que envolvem o uso involuntário de palavras (coprolalia) e gestos obscenos (copropraxia), formulação de insultos, a repetição de um som, palavra ou frase dita por outra pessoa (ecolalia). “Esses sintomas provocam alto nível de estresse aos pacientes, e o sofrimento e frustração que eles experimentam é visível”, analise o médico.
Gatilhos
Os efeitos da Síndrome de Tourette podem causar desconforto em meios sociais, e provocar sentimentos de fobia social e irritabilidade.
A vida no confinamento é marcada por momentos de tensão, ansiedade e estresse, fatores que tendem aumentar os sintomas da síndrome, funcionando como gatilhos para as crises.
No entanto, no caso do participante do reality, por ser adulto, mesmo que esteja sendo visto por muita gente, ele não está vendo essas pessoas o observarem. E a vida dentro da casa, embora vigiada, ganha um certo ar de normalidade, não causando o disparo do gatilho.
Diagnóstico
O diagnóstico da síndrome de Tourette é essencialmente clínico, feito por um neuropediatra ou psiquiatra especializado, e deve obedecer aos seguintes critérios:
Tratamento
A síndrome de Tourette é não tem cura, mas pode ser controlada. Estudos clínicos têm demonstrado a utilidade de uma forma de terapia comportamental cognitiva, conhecida como tratamento de reversão de hábitos. Ela se baseia no treinamento dos pacientes para que monitorem as sensações premonitórias e os tiques, com a finalidade de responder a eles com uma reação voluntária fisicamente incompatível com o tique. É importante ressaltar, entretanto, que a eficácia depende de cada caso.
Medicamentos antipsicóticos têm se mostrado úteis na redução da intensidade dos tiques, quando sua repetição se reverte em prejuízo para a autoestima e aceitação social.
Em alguns casos de tiques bem localizados, podem ser tentadas aplicações locais de toxina botulínica (botox) e, excepcionalmente, pode ser indicado o tratamento cirúrgico com estimulação cerebral profunda, aplicada em certas áreas do cérebro.
Atividades como meditação e ioga podem aliviar o estresse. Esportes, de maneira geral, também podem ajudar, já que sua prática promove o relaxamento e também demanda atenção.
Recomendações
Ao perceber que a criança ou adolescente apresente alguma forma de movimentos involuntários, a orientação é procure ajuda médica. E atentar-se para as dicas:
Fotos: divulgação
DIA NACIONAL DA DISLEXIA
O que é e quais as novas perspectivas de inclusão educacional para crianças com dislexia?