Terça-feira, 11 de março de 2025 Login
A insônia é um problema de saúde que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo e tem consequências significativas não apenas para os indivíduos, mas também para a economia global. No Brasil, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz revelou que 72% da população sofre com distúrbios do sono, incluindo insônia. Isso se reflete no aumento da procura por medicamentos para dormir, cujas vendas cresceram 30% entre 2019 e 2023, segundo dados da indústria farmacêutica.
O impacto financeiro da falta de sono está na casa dos bilhões. Nos Estados Unidos, estima-se que a perda de produtividade anual causada pelo problema ultrapasse US$63 bilhões, o equivalente a mais de R$350 bilhões. No Brasil, além dos déficits econômicos gerados, a sonolência tem custado a integridade dos cidadãos, uma vez que está entre os principais fatores de risco para acidentes de trânsito e de trabalho. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, foram registrados cerca de 40 mil casos de acidentes laborais em 2020, muitos deles relacionados à falta de uma noite de sono adequada.
Diante desse cenário, cresce o interesse por alternativas que possam auxiliar no manejo da insônia sem os efeitos colaterais dos medicamentos convencionais. O canabidiol (CBD), um dos princípios ativos da Cannabis, tem sido estudado como uma opção viável para melhorar a qualidade do sono. Pesquisas sugerem que o CBD atua na modulação do sistema endocanabinoide, influenciando vias neuroquímicas ligadas ao sono, como a sinalização serotoninérgica, GABAérgica e de adenosina, promovendo relaxamento e facilitando a indução ao sono.
“O CBD apresenta um perfil de segurança promissor e pode ser uma alternativa interessante para indivíduos que sofrem com insônia e que buscam opções com menor risco de dependência”, explica Pedro Alvarenga, Gerente Médico da Ease Labs, farmacêutica brasileira especializada em produtos de Cannabis Medicinal. “Diferente dos benzodiazepínicos, utilizados usualmente no tratamento da insônia, que podem alterar a arquitetura do sono e causar sonolência diurna, o CBD tem demonstrado preservar as fases do sono, proporcionando uma abordagem no tratamento da insônia ”, complementa.
Ele explica que a fadiga e a sonolência diurna mencionada podem aumentar o risco de acidentes laborais. Como a capacidade de reação fica comprometida, seja pela falta de descanso, por conta da insônia, ou pelo uso de medicamentos que geram tais efeitos adversos, a queda na atenção e produtividade afetam a qualidade dos serviços prestados, o cumprimento de prazos e coloca em risco a vida dos trabalhadores enquanto executam suas atividades.
Ele enfatiza que levando em consideração menores efeitos adversos e menor geração de sonolência diurna, o CBD pode contribuir para uma melhor disposição dos profissionais e diminuir o absenteísmo e os custos empresariais associados a quedas de rendimento ou danos causados acidentalmente.
Além disso, por ser um distúrbio que pode colaborar para o desenvolvimento de doenças como depressão, ansiedade, diabetes e enfermidades cardiovasculares, a insônia crônica também está associada ao aumento de outros fatores de risco à saúde. Com a melhoria do sono, por meio do uso prescrito do CBD, Pedro afirma que é possível prevenir essas condições, quando associadas à insônia, reduzindo a necessidade de tratamentos paralelos ou internações.
Evidências clínicas e acesso ao CBD
Embora as pesquisas científicas sobre o CBD para este fim ainda sejam limitadas em termos de amostragem e metodologia, as evidências iniciais são promissoras. Um estudo publicado no The Permanente Journal indicou que 66,7% dos pacientes relataram melhora significativa na qualidade do sono após um mês de uso do CBD, enquanto 79,2% apresentaram redução da ansiedade associada à insônia. Com a continuidade do tratamento, muitos conseguiram manter padrões regulares de sono, reduzindo gradualmente a dependência de medicamentos convencionais.
Para iniciar o uso do Canabidiol no Brasil, Pedro explica que é necessário que o paciente tenha uma prescrição médica. Ele também reforça que cada paciente deve seguir um acompanhamento profissional para ajuste da dosagem, já que a resposta ao CBD pode variar conforme fatores individuais, como metabolismo, gravidade da insônia e histórico de uso de outras medicações.
“Para além de sua eficácia, a segurança do CBD tem sido um fator determinante para seu crescimento no mercado de saúde e bem-estar. O canabidiol não possui propriedades psicotomiméticas, diferentemente do tetraidrocanabinol (THC), e apresenta baixo risco de efeitos adversos quando administrado corretamente. Isso significa que ele pode ser utilizado sem comprometer funções cognitivas ou motoras, tornando-se uma opção segura para quem busca uma melhora na qualidade do sono sem os impactos negativos de sedativos tradicionais”, reforça o Gerente Médico.
Essa segurança, aliada ao seu potencial terapêutico, tem levado um número crescente de médicos e pacientes a considerá-lo uma alternativa viável para o tratamento de distúrbios do sono e outras condições. No ano passado, o Brasil atingiu um recorde de 672 mil pessoas que utilizam cannabis medicinal, o que representa um aumento de 56% em relação ao ano anterior, de acordo com o anuário da Kaya Mind.
“O crescimento do uso do CBD no país reflete uma mudança no olhar da sociedade para alternativas terapêuticas que comprovam sua efetividade e geram benefícios reais para o dia a dia. Com a ampliação da quantidade de estudos científicos e regulamentações bem estabelecidas, esperamos que cada vez mais pacientes tenham acesso a esse tratamento com respaldo médico e segurança”, conclui Pedro Alvarenga.
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