Segunda-feira, 9 de dezembro de 2024 Login
Com a chegada de dezembro e o aumento da exposição ao sol, cresce também a importância de reforçar os cuidados com a saúde da pele. No entanto, a atenção dermatológica no Brasil está longe de ser suficiente para atender a demanda da população. Apesar de a pele ser o maior órgão do corpo humano e de delegar funções essenciais, os cuidados com ela ainda são frequentemente negligenciados. Isso se reflete no aumento de doenças de pele, incluindo o câncer, cujas incidências continuam a alarmar especialistas.
A Campanha Dezembro Laranja, promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), tem como objetivo conscientizar a população sobre os riscos do câncer de pele e promover a adoção de medidas preventivas. Lançada em 2014, a campanha acontece anualmente durante o mês de dezembro e utiliza ações educativas para alertar sobre a importância da proteção solar e do diagnóstico precoce.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de pele é o tipo mais frequente no Brasil, representando mais de 30% de todos os diagnósticos oncológicos no país. Entre os casos, o câncer de pele não melanoma é o mais comum, enquanto o melanoma, mais agressivo, apresenta um crescimento preocupante, com uma projeção de aumento de 7,3% no número de diagnósticos. Esses dados destacam a urgência de priorizar a prevenção e o diagnóstico precoce.
Um país com poucos especialistas para muitas necessidades
Embora os dados de incidência sejam alarmantes, o Brasil enfrenta outro desafio crucial: a escassez de dermatologistas. De acordo com informações recentes da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o Brasil possui cerca de 12.000 dermatologistas registrados. Isso equivale a uma média de apenas um dermatologista para cada 17.500 habitantes, considerando uma população de mais de 213 milhões de pessoas. Essa proporção é significativamente inferior à recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda um especialista para cada 10.000 habitantes.
A disparidade é ainda mais crítica nas áreas rurais e nas regiões do Norte e Nordeste do país, onde o acesso a cuidados dermatológicos é extremamente limitado. Enquanto as grandes cidades concentram a maioria dos profissionais, comunidades distantes frequentemente ficam desassistidas, aumentando o risco de diagnósticos tardios e complicações graves.
Câncer de pele: uma realidade evitável, mas recorrente
Apesar de ser altamente prevenível, o câncer de pele continua a ser um dos maiores desafios de saúde pública. Exposição prolongada ao sol sem proteção, o uso inadequado de protetor solar e a falta de informação são fatores que afetam diretamente para o aumento dos casos. A detecção precoce é essencial para um tratamento bem sucedido, mas a ausência de especialistas em muitas regiões dificulta o acesso ao diagnóstico.
O melanoma, embora menos comum, é o tipo mais perigoso devido à sua capacidade de metástase. Segundo o Inca, as projeções para 2024 indicam mais de 9.000 novos casos de melanoma no Brasil, com taxas de mortalidade elevadas em função do diagnóstico tardio.
A importância da conscientização e da prevenção
Diante desse cenário, é fundamental reforçar a importância da prevenção e dos cuidados com a saúde da pele. Além de medidas simples, como o uso uso de protetor solar, roupas adequadas e chapéus em dias ensolarados, é crucial realizar exames de pele periodicamente, especialmente para indivíduos com histórico de exposição ao sol ou predisposição genética.
A educação também desempenha um papel vital. Campanhas de conscientização, como o Dezembro Laranja, lideradas pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, ajudam a informar a população sobre os riscos do câncer de pele e a necessidade de consultar regularmente dermatologistas.
Ações e soluções para mudar o cenário
Para enfrentar essa crise, é preciso ir muito além da Campanha Dezembro Laranja; é necessário um esforço conjunto entre o governo, as instituições de saúde e a sociedade civil.
Aumentar o número de programas de residência médica em dermatologia, oferecer incentivos para que especialistas atuem em regiões remotas e promover campanhas educativas permanentes são passos importantes para mudar o cenário atual.
Além disso, é essencial fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) para garantir que todos os brasileiros tenham acesso a consultas dermatológicas. Hoje, a fila para consultas especializadas pode ultrapassar meses, especialmente em regiões mais vulneráveis, o que compromete a saúde da população.
Um cuidado que não pode esperar
A saúde da pele deve ser protegida com a mesma seriedade que qualquer outra questão de saúde pública. Com dados tão alarmantes sobre a incidência de câncer de pele e a falta de dermatologistas, é imperativo que a sociedade brasileira invista em prevenção, diagnóstico precoce e políticas públicas para ampliar o acesso a cuidados dermatológicos. Afinal, cuidar da pele é mais do que uma questão estética – é uma questão de saúde e qualidade de vida.
Referências :
DECISÃO INÉDITA
SAÚDE, ECONOMIA, MEIO AMBIENTE
‘Lixo Que Vale’, o programa da prefeitura de Umuarama que faz bem para a saúde e o meio ambiente