Sábado, 23 de novembro de 2024 Login
Ser mãe é um sonho comum à maioria das mulheres. Para a funcionária pública Andreia Silamã (41 anos), mais que um sonho, ser mãe tornou-se um ideal a ser conquistado. Com problemas de fertilidade, Andreia e o marido Leonardo Zanon (47) anos, procuraram várias alternativas. Mesmo depois de uma inseminação artificial, que culminou em um grande sofrimento com a perda do bebê e o fim da capacidade gestar de Andreia, eles não desistiram.
Nesta terça-feira (29), nasceu Augusto Davi, filho de Andreia e Leonardo, fruto de fertilização in-vitro, que foi gestado no ventre da tia, Andressa Regina Silamã, 36 anos, irmã de Andreia. O lindo bebê nasceu às 10h49 com 3,896 quilos e 50 centímetros, forte e saudável, de parto cesariana, realizado no Hospital e Maternidade Norospar – foi o primeiro bebê de barriga solidária de Umuarama; um marco para a medicina de toda a região.
Durante 14 anos Andreia tentou ser mãe. Nesse tempo teve duas gestações, mas devido a complicações de saúde acabou perdendo os bebês nas duas tentativas. “Na minha segunda tentativa realizei a Fertilização In Vitro, deu tudo certo e quando estava com seis meses de gestação perdi meu filho. Foi mais um momento difícil e eu já estava sem esperanças”, relembra a nova mamãe.
Logo após perder o segundo filho, Andreia soube que não poderia mais ficar grávida, o que lhe causou um profundo sofrimento emocional. Diante disso, sua irmã, Andressa, que é técnica de enfermagem, se ofereceu para gerar o filho do casal através da barriga solidária. Inicialmente, foi uma surpresa para família e amigos, mas logo depois todos apoiaram e deram forças as irmãs.
“Ela já havia falado comigo outras vezes que estava disposta a gerar meu filho, mas eu pensava que era apenas no momento da emoção, por estar me vendo mal, não achei que ela realmente faria isso. Esse ato de amor incondicional”, acrescenta.
Andressa passou pela Fertilização In Vitro e logo veio a notícia: Augusto Davi começava a ser gerado e em breve estaria nos braços de Andreia e Leonardo. “Foi uma decisão movida unicamente por amor. Fico muito feliz em poder dar essa felicidade para minha irmã, é impagável tudo isso”, diz Andressa.
Para o médico ginecologista e obstetra Dr. Ezequiel Mattei, que acompanha Andreia desde a gestação anterior, esse é um momento inesquecível e uma demonstração de amor. “Ainda existem no mundo pessoas com amor pelo próximo, que são capazes de um ato de grandiosidade como a Andressa fez pela Andreia”, afirma.
A inseminação artificial foi realizada em Curitiba e já na primeira tentativa a fertilização deu certo. De volta a Umuarama, as irmãs iniciaram o pré-natal. Andreia acompanhou Andressa em todas as consultas, exames e rotinas do pré-natal.
Quando a gestação completou 16 semanas, um susto colocou o sonho da família em risco. “Andressa teve um sangramento considerável e desenvolveu diabetes gestacional. Ficou hospitalizada e exigiu muita atenção da equipe médica e assistencial. Felizmente, o quadro foi revertido e o restante da gravidez ocorreu de forma normal”, conta o médico.
“Esse é um caso muito especial, um dos mais emocionantes que já acompanhei na minha carreira. Um caso assim aumenta muito a responsabilidade médica. Procedemos com muita calma e cautela. Para todos nós da equipe, este foi um momento especial”, finalizou o Dr. Ezequiel.
Tia, mamãe e bebê passam bem e devem receber alta na tarde desta quarta-feira.
Barriga solidária
O nome técnico para “Barriga Solidária” é útero de substituição. A barriga solidária acontece quando há participação do útero de uma outra pessoa para receber o embrião de um casal, pessoa que não pode gestar.
A condição não é muito comum no Brasil, mas é legal e proporciona às famílias a felicidade de ter um filho. Decidir pela barriga solidária envolve termos e condições tanto dos pais como da mulher que irá gerar a criança. Ambos passam por atendimento psicológico para se prepararem para o momento do nascimento.
O registro de Augusto Davi foi feito de acordo com a resolução nº 63/2017 do Conselho Nacional de Justiça e acatado pelo Registro Civil de Umuarama.
Imagens e reportagem – Lois Longui
Redação - Rosi Rodrigues