Sábado, 23 de novembro de 2024 Login
“O Lúpus é uma doença rara, porém que ocorre preferencialmente mulheres em idade fértil. Por isso, muitas vezes, o diagnóstico é confirmado somente durante a gestação”, explica o ginecologista e obstetra, Dr. Carlos Lisboa (CRM 16.265).
“Mesmo sendo rara, são as mulheres adultas as maiores vítimas da doença. Durante a gravidez, se não for diagnosticada e tratada a tempo, a doença pode provocar complicações que podem afetar a saúde e até levar à morte da mãe e do bebê.
“Peço as minhas pacientes que relatem todas as mudanças no corpo e sintomas, por mais simples que possam parecer. Esse diálogo é muito importante no diagnóstico dessa e outras doenças que podem afetar a gestação”, conta o médico.
Estatísticas da doença no mundo apontam que mais de 5 milhões de pessoas vivem com Lúpus e que 90% são mulheres. “O Lúpus pode afetar múltiplos órgãos e tecidos como: pele, articulações, rins e cérebro, contudo, na maioria das vezes, não compromete a fertilidade. Também é uma doença de difícil diagnóstico e por isso merece atenção durante o pré-natal”, explica.
Ainda não há um exame específico para detectar Lúpus, pois seus sintomas podem variar de pessoa para pessoa, podendo ser confundidos com outras doenças. Os mais comuns são: fadiga, febre, dor nas articulações, rigidez muscular e inchaço, Rash cutâneo (vermelhidão na face em forma de "borboleta" sobre as bochechas e a ponta do nariz). Esse sintoma afeta cerca de metade das pessoas com Lúpus e piora com a luz do sol. Também pode ser generalizado, com lesões na pele que surgem ou pioram quando expostas ao sol.
Algumas pacientes apresentam ainda: dificuldade para respirar, dor de cabeça, confusão mental e perda de memória, linfonodos aumentados, queda de cabelo, feridas na boca, desconforto geral, ansiedade, mal-estar, entre outros.
O diagnóstico só é confirmado após exames físicos, exames de anticorpos, incluindo teste de anticorpos antinucleares, hemograma completo, radiografia do tórax, biópsia renal, exame de urina, entre outros.
“Durante a gestação, portadoras de Lúpus podem sofrer com o agravamento de sintomas típicos da doença. Isso pode levar a complicações obstétricas, riscos de pré-eclâmpsia, eclampsia, restrição do crescimento fetal, sofrimento fetal, parto prematuro e, até mesmo, a morte da mãe e do bebê”, alerta o especialista.
AVANÇOS
Mesmo diagnosticada somente durante a gestação, os riscos podem ser reduzidos ou minimizados quando a gestante com Lúpus tem um acompanhamento pré-natal de qualidade. “As formas de diagnóstico e os tratamentos avançaram. Para os casos positivos, o obstetra conta com o apoio de outros especialistas como: reumatologista, hematologista e nefrologista, que também passam a acompanhar a gestante. O trabalho conjunto diminui os riscos de complicações obstétricas e aumenta as chances de bons resultados”, comentou.
QUEM TEM LÚPUS PODE ENGRAVIDAR?
“Sim. Não podemos esquecer que, toda gestação de paciente com Lúpus é de alto risco. O quanto antes a paciente com Lúpus que deseja ser mãe procurar o ginecologista e obstetra, melhor. Com planejamento, trabalho conjunto e alguns cuidados especiais é possível ter uma gravidez saudável e tranquila”, recomenda o entrevistado.
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ROSI RODRIGUES