Quarta-feira, 27 de novembro de 2024 Login
É muito comum pacientes procurarem ajuda médica, inclusive nos serviços de urgência e emergência, com queixa de cefaleia, termo técnico para dor de cabeça.
“Geralmente o paciente procura tratamento quando a dor persiste há meses ou anos e se torna mais intensa e frequente. Um erro comum”, diz a médica Ana Carolina Lopes (CRM 2829 – 1), que é Pós-graduada em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia – ABRAN.
Segundo ela, a dor de cabeça é um sintoma que pode estar presente em variados quadros clínicos, desde um simples resfriado até uma crise hipertensiva.A dor de cabeça pode ser sintoma de que algo não vai bem no organismo
“Nesses casos, como parte de uma doença, a cefaleia se apresentará com outros sintomas, como febre, tosse, mal-estar, convulsões, o que normalmente preocupa mais as pessoas e as faz procurar um médico mais rápido. Chamamos essas dores de cabeça provocadas por outras doenças de cefaleias secundárias”, explica a médica.
Existe também a dor de cabeça que se apresenta como o principal sintoma, ou o único, como nos casos das cefaleias chamadas primárias. “As principais cefaleias primárias são a dor de cabeça do tipo tensional e a enxaqueca”, completa.
Dor de cabeça tensional é a cefaleia mais frequente na população. Apresenta-se como uma dor leve a moderada, geralmente em pressão ou aperto, em toda a cabeça, com duração de uma hora até vários dias. Desencadeada principalmente por cansaço e estresse emocional.Cefaleia e Enxaqueca são diferentes
“Enxaqueca é uma cefaleia de intensidade moderada a forte, latejante ou pulsátil, frequentemente acompanhada de aversão à luz, barulho, cheiros, tonturas, náuseas e, às vezes, vômitos”, relata a médica.
Algumas pessoas apresentam, antes ou no decorrer da crise, sintomas visuais como luzes brilhantes ou embaçamento e perda visual, e/ou também formigamentos no corpo, o que chamamos de aura de enxaqueca. “Crises de enxaqueca podem durar de algumas horas a vários dias. O diagnóstico da enxaqueca é clínico”.
A doutora Ana Carolina enumera os 10 principais fatores que desencadeiam a enxaqueca:
Ansiedade, tensão, estresse, preocupações excessivas, antecipação de fatos do futuro negativos e ameaçadores.
Ficar sem comer pode gerar uma baixa no açúcar do sangue com a produção de substâncias que causam dor.
Dormir mal. Dormir mal à noite pode resultar em dores de cabeça durante o dia e até agravar os quadros de enxaqueca.
Dormir mal pode resultar em dores de cabeça durante o dia
Ciclo hormonal. A temida TPM carrega consigo crises de cefaleia, as enxaquecas na mulher tendem a ser mais concentradas no período menstrual ou pré-menstrual. Irregularidades menstruais, endometriose, ovários policísticos e reposição hormonal podem ser fatores por trás de agravamentos de enxaquecas, mas por outro lado, quando os hormônios se equilibram, quer seja na gravidez (quando a placenta produz níveis contínuos de hormónios), na menopausa, ou com a prescrição de anticoncepcionais contínuos, as crises tendem a amenizar.
Ciclo hormonal e alterações de humor podem desencadear uma enxaqueca
Irritação e alterações do humor. Altas e baixas no humor, pavio curto, passar muito raiva, impaciência e irritação são combinações explosivas para desencadear uma enxaqueca. Tudo o que for feito no sentido de relaxar, acalmar e treinar a paciência é util.
Excesso de cafeína. Tomar muito café, bebidas cafeinadas (coca-cola, chás pretos), chocolates, e até mesmo analgésicos que contenham cafeína são provocadores de enxaqueca.
O excesso de cafeina podem provocar dores de cabeça e desencadear a enxaqueca
Exercícios físicos, ou melhor, a falta deles, é também elemento importante. Realizar exercícios evita que venham as crises de dor de cabeça, o organismo produz endorfinas, regulariza a produção de neurotransmissores como a serotonina, melatonina, o organismo se torna mais saudável e mais resistente à dor.
Uma alimentação balanceada e exercícios físicos frequentes ajudam a manter o organismo equilibrado e a evitar o aparecimento da enxaqueca
Uso excessivo de analgésicos. Conceito fundamental para todos terem em mente: analgésicos não tratam a enxaqueca, só aliviam a intensidade e duração das crises; depois, é claro, ela já se instalou e quando as crises são frequentes, o uso de analgésicos pode vir a cronificar, piorar, agravar a enxaqueca, tornando-a mais resistente e mais frequente. O tratamento da enxaqueca preventivo com remédio e/ou sem remédio deve ser instituído.
Outros alimentos como o chocolate, frutas cítricas, alimentos muito gelados (sorvetes), nozes, alimentos gordurosos, condimentados, ricos em glutamato monossódico, muito presente em salgadinhos, em molhos (aji-no-moto) e adoçantes podem agravar as enxaquecas. Em quem tem intolerância à lactose, o leite, queijo e derivados devem ser evitados, assim como a suplementação da lactase, a enzima que transforma a lactose (o açucas do leite) em glicose.
Alimentos muito gordurosos, condimentados ou com adoçantes artificiais podem agravar as enxaquecas
Genética. Nada a fazer a não ser reconhecer rapidamente a enxaqueca na infância, adolescência, início da vida adulta em filhos de pessoas que sofrem com a enxaqueca, para que ela possa ser tratada adequadamente, preventivamente, evitando que as crises apareçam e que a enxaqueca se desenvolva até um estágio crônico.
“O ideal é procurar ajuda médica assim que os sintomas começarem a se manifestar. A automedicação é extremamente contra-indicada. O médico está preparado para identificar o tipo de dor de cabeça, suas causas e indicar o melhor tratamento”, conclui a médica.