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A segunda dose é essencial

Covid-19: segunda dose da vacina é essencial, dizem especialistas

Publicado em 29/04/2021 às 10:18 por Editoria Movimento Saúde

Cerca de 1,5 milhão de brasileiros já poderiam ter tomado a segunda dose da vacina contra a Covid-19, mas ainda não receberam o imunizante. A afirmação é da coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Francieli Fantinato, feita no dia 13 de abril, em uma coletiva de imprensa.

Para a vacina da AstraZeneca, a maior eficácia é alcançada quando o intervalo entre a primeira e a segunda doses é de 12 semanas ou 84 dias. Para a CoronaVac, o melhor resultado ocorre quando a segunda dose é aplicada em um intervalo de 21 a 28 dias.

De acordo com especialistas, a segunda dose é essencial não apenas para proteção individual. Quanto mais pessoas estiverem imunizadas, maior é a barreira criada na comunidade inteira, diminuindo as possibilidades de alguém se infectar.

“A segunda dose da vacina contra a Covid-19 é de extrema importância devido ao fato de que os estudos de eficácia realizados nas vacinas disponíveis foram obtidos com a realização de duas doses. São vacinas de vírus inativados, que por serem menos imunogênicas quando comparadas a vacinas de vírus atenuados, necessitam de doses de reforço, no caso das vacinas contra a Covid-19 para alcançarem níveis de anticorpos neutralizantes há a necessidade da realização de duas doses conforme a orientação dos fabricantes”, explicou Lorena de Castro Diniz, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), em entrevista ao Portal de Notícias da PebMed.

Uma das grandes preocupações do Ministério da Saúde é um possível relaxamento, principalmente por parte dos idosos, quanto às medidas restritivas após a aplicação da primeira dose pode levar a um aumento no número de internações.

“O relaxamento de isolamento após a primeira dose contribui para a disseminação do vírus e aumento das internações. Por mais que a vacina seja eficaz, ainda podemos adquirir o vírus e ter a doença de forma leve e transmiti-lo”, destacou José Roberto Zimmerman, imunologista e pneumologista, diretor da Clínica Alergo Ar, também em entrevista ao Portal de Notícias da PebMed.

“A vacina não protege 100% contra a infecção, e com apenas uma dose não há garantia de formação de níveis de anticorpos neutralizantes protetores, principalmente neste grupo apresenta um risco maior de complicações pela Covid-19, seja pelas comorbidades ou pelo simples fato fisiológico da idade de ter uma imunidade mais baixa, há um risco aumentado de evoluir com uma doença mais grave com risco de internação, principalmente nos mais idosos”, complementou Lorena Diniz.

Vacina da Influenza X vacina da Covid

O Ministério da Saúde recomenda que as vacinas contra a Influenza e contra a Covid-19 não sejam aplicadas de forma simultânea, mas sim com um intervalo de 14 dias entre elas. Ao todo, 80 milhões de pessoas de grupos prioritários serão imunizadas contra a Influenza.

“A vacina da gripe estimula a imunidade em geral, contribuindo para a proteção ante a Covid-19. Com prioridade para a vacina da Covid-19. A vacina da gripe deve ser tomada com intervalo de 15 dias em relação a da Covid-19. Com a Coronavac 45 dias após a primeira dose ou 15 dias após a segunda dose. Quanto a da Astrazeneca, como o intervalo é de 90 dias, pode ser realizada entre as duas doses, respeitando o intervalo de 15 dias em relação a da Covid-19”, ressaltou José Roberto Zimmerman.

Medidas necessárias entre as doses

Especialistas frisam que após quaisquer doses da vacina contra a Covid-19 todas as medidas preventivas devem ser mantidas, tais como distanciamento social, uso de máscaras, lavagem de mãos, uso de álcool em gel e evitar aglomerações e locais fechados.

“Nenhuma vacina apresenta 100% de eficácia de proteção contra a infecção, mas elas aumentam a chance de uma boa evolução caso haja uma contaminação, diminuindo consideravelmente a chance de internação e óbitos. Enquanto não houver uma cobertura vacinal, que estima-se em torno de 80% da população mundial vacinada, teremos que manter todas as medidas protetivas”, destacou a coordenadora do Departamento Científico de Imunização da ASBAI.

Nova secretaria e ações

O Ministério da Saúde vai emitir uma lista por estado com as pessoas que ainda não tomaram a segunda dose. O trabalho de complementar o esquema vacinal será realizado pela pasta em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

A orientação é que todos que estejam aptos, mas ainda não tomaram a segunda dose compareçam a um posto de vacinação para completar a imunização.

O Governo Federal deve publicar uma medida provisória para criar uma secretaria específica para ações contra a Covid-19, que deverá ser liderada por Francieli Fantinato, coordenadora do Programa Nacional de Imunização e técnica do Ministério da Saúde.

Orientações aos médicos

Os especialistas entrevistados ressaltaram a importância dos médicos orientarem seus pacientes a voltarem aos postos de saúde para tomar a segunda dose contra a Covid-19.

“A orientação médica é fundamental mostrando a importância de completar o esquema para garantir a formação de anticorpos protetores. Essa abordagem deve acontecer com o médico mostrando a segurança das vacinas e demonstrando que a sua eficácia só pode ser garantida se completado o esquema das doses preconizadas pelos fabricantes, o que foi evidenciado nos estudos”, diz Lorena Diniz.

Possibilidade da Covid-19 se tornar endêmica no Brasil

Mais de um ano depois de ter começado, a pandemia do novo coronavírus ainda não dá sinais de que vai terminar em pouco tempo. Menos ainda no Brasil, onde o seu controle é precário, com vacinação lenta, queda da adesão às medidas preventivas e falta de estímulo, controle e fiscalização do cumprimento de normas de distanciamento social por parte do poder público.

Além disso, novas variantes do novo coronavírus vêm surgindo e se espalhando pelo país. Por isso, embora seja ainda difícil ter certeza no momento, muitos especialistas acreditam que a doença se estenderá, pelo menos, até 2022.

De acordo com os nossos entrevistados, essa é uma grande possibilidade realmente até mesmo por causa do aparecimento de tantas variantes por aqui e no mundo.

“Acredito que necessitaremos de revacinação, mas ainda não dá para prever a periodicidade”, concluiu a coordenadora do Departamento Científico de Imunização da ASBAI.

Autor(a): 

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá (UNESA), pós-graduada em Comunicação com o Mercado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e em Gestão Estratégica da Comunicação pelo Instituto de Gestão e Comunicação (IGEC/FACHA)

Fonte: PEBMED

Foto: Divulgação

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