Quarta-feira, 27 de novembro de 2024 Login
Uma série de fatores pode levar as mulheres a ter câncer do colo do útero ou os homens, de pênis. Mas na maioria dos casos, essas doenças são provocadas pelo HPV (vírus do papiloma humano). A infecção provocada pelo vírus ataca, especialmente, as mucosas oral, genital e anal. O HPV também está relacionado com cânceres de boca, garganta e ânus.
O que muita gente não sabe é que a vacina contra o HPV é ofertada no SUS é extremamente eficaz na prevenção desses tumores.
Ela está disponível nas mais de 36 mil salas de vacinação a meninos na faixa etária de 11 a 14 anos e meninas de 9 a 14 anos. “Nós precisamos que meninos e meninas recebam essa vacina. Porque assim eles estarão evitando essas doenças, que estão cada vez mais presentes entre os jovens”, alerta a coordenadora de Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues.
O esquema vacinal deve ser de duas doses, com intervalo de seis meses entre elas. Esse espaço de tempo entre as doses é fundamental para a produção de anticorpos, que é o que vai gerar a proteção contra o vírus. Carla Domingues explica que quanto maior o intervalo entre as doses, menor será a eficácia. Por isso, “deve-se respeitar esse esquema, para que os jovens tenham maior chance de produzir anticorpos, não devendo ultrapassar de até 15 meses o intervalo entre as doses. Caso o esquema esteja atrasado, mesmo assim não deixe de tomar a vacina. Não há necessidade de se iniciar novamente o esquema vacinal”, destaca a coordenadora.
Câncer do colo do útero
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima 16,3 mil novos casos de câncer do colo do útero em 2016. Em 2015, foram 5,4 mil mortes. “A vacina HPV tem uma eficácia elevadíssima, com uma proteção de 98%. Se essas meninas passarem a se vacinar agora, esta geração estará praticamente livre dessa doença mais pra frente”, avalia Domingues.
A meta do Ministério da Saúde é vacinar pelo menos 80% do público-alvo, o que garante proteção inclusive para quem não está no grupo prioritário para a vacinação. Isso é o que se chama de imunidade de grupo.
“Esta vacinação mudará o cenário trágico da ocorrência do câncer no nosso país. Quase todas as meninas de hoje não terão câncer do colo do útero e de vulva e os meninos não terão câncer de pênis quando se tornarem adultos. Adolescentes de ambos os sexos também estarão protegidos dos cânceres garganta e ânus, além das verrugas genitais, o que será um enorme ganho na qualidade de vida da nossa população”, esclarece a coordenadora.
Para os meninos, a estratégia tem como objetivo proteger contra os cânceres de pênis, garganta e ânus, doenças que estão diretamente relacionadas ao HPV. A definição da faixa-etária para a vacinação visa proteger as crianças antes do início da vida sexual e, portanto, antes do contato com o vírus. Os cânceres de garganta e de boca são o 6º tipo de câncer no mundo, com 400 mil casos ao ano e 230 mil mortes. Além disso, mais de 90% dos casos de câncer anal são atribuíveis à infecção pelo HPV.
Nas meninas, o principal foco da vacinação é proteger contra o câncer de colo do útero, vulva, vaginal e anal; lesões pré-cancerosas; verrugas genitais; e infecções causadas pelo vírus. O HPV é transmitido pelo contato direto com pele ou mucosas infectadas por meio de relação sexual. Também pode ser transmitido da mãe para filho no momento do parto. Estimativas da OMS indicam que 290 milhões de mulheres no mundo são portadoras do vírus, sendo 32% infectadas pelos tipos 16 e 18. Em relação ao câncer do colo do útero, estudos apontam que 265 mil mulheres morrem devido à doença em todo o mundo, anualmente. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer estima 16 mil novos casos.
Prevenção
O governo federal, por meio do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, oferta a vacina contra o HPV gratuitamente. O público-alvo deve procurar uma das 36 mil salas de vacina espalhadas por todo Brasil para se vacinar.
A definição da faixa-etária para a imunização contra o HPV foi escolhida com base em pesquisas que apontam que nessa idade a produção de anticorpos é muito elevada, duas vezes mais se comparado com a população adulta. Isso aumenta a proteção da doença e a efetividade do programa de vacinação. A vacina previne a infecção pelos subtipos 6, 11, 16 e 18. Ela não tem efeito de cura. Portanto, o ideal é que a vacina seja administrada antes de uma possível exposição ao HPV. “Nós precisamos fazer com que mães, pais e responsáveis tenham consciência da importância da vacinação do mesmo jeito que eles têm com as vacinas de sarampo, coqueluche, para que no futuro tenhamos êxito”, alerta Carla Domingues.
Ampliação temporária
Em alguns municípios a procura da vacina foi pequena, mesmo com toda a divulgação da importância de proteger o público alvo definido pelo Ministério da Saúde. Por isso, cidades onde há vacinas em estoque, com prazo de validade até março de 2018, poderão aplicar as doses em homens e mulheres entre 15 e 26 anos. A medida tem caráter temporário, visando evitar o desperdício da vacina e abrange apenas esses municípios que ainda tem esse estoque a vencer. Foi o caso da Tamires Cunha de 20 anos, estudante de direito, que tomou essa medida de prevenção. “Procurei o posto de saúde que estava com a vacina disponível e tomei”, conta a estudante.
No caso da estudante é que está fora da faixa recomenda pelo Ministério, ela tomará três doses, com intervalos de dois meses e seis meses da primeira, para que a vacina tenha eficácia. “Hoje em dia, qualquer forma para que eu posso me prevenir, eu vou me prevenir”, destaca Cunha.
Fonte: Ministério da Saúde. Jornalista: Luíza Tiné