Sexta-feira, 22 de novembro de 2024 Login
É no local de trabalho onde passamos grande parte da nossa vida. Um ambiente seguro e estável, com relações baseadas na confiança e na cooperação proporcionam crescimento profissional ao trabalhador e bons resultados financeiros aos empregadores. Contudo, não é isso que acontece na maioria das empresas.
Chefes que berram o tempo todo ou que controlam cada passo do subordinado, por não confiar completamente em ninguém e ser incapaz de delegar responsabilidades, cobranças excessivas por resultados, sobrecarga de trabalho, pressão, perseguição, assédio, entre outros abusos são situações muito comuns nas relações de trabalho.
“Esse tipo de relação no trabalho é altamente tóxica e pode provocar doenças físicas e mentais”, afirma a médica psiquiatra Caroline Stefani de Mattos Queiroz (CRM-PR 25197 / RQE 2872), que é especialista em Psiquiatria Clínica.
Dores de cabeça constantes, gastrite, pressão alta, problemas respiratórios, queda de cabelo, ansiedade, síndrome do pânico, são algumas das manifestações físicas e psíquicas comuns do estresse no trabalho.
Epidemia
De acordo com dados da Previdência Social, cerca de 250 mil pessoas se afastam do trabalho todos os anos devido a depressão e ao estresse provocados, muitas vezes, por pressão da chefia. Uma verdadeira epidemia.
Em todo ambiente de trabalho existe pressão. Segundo a médica, cada pessoa reage de uma forma. “Alguns indivíduos lidam bem com as cobranças e até crescem com elas. Contudo, quando essa cobrança se transforma em agressão psicológica e até física, as reações podem variar muito”, diz.
“Fatores psicológicos como a baixa-auto-estima e também devido a crise econômica, o trabalhador tenta suportar. Ele vai sofrendo agressões até que o próprio trabalho se transforma em uma agressão. Daí, a doença não tarda a se manifestar”, explica a psiquiatra.
A primeira consequência é a perda da qualidade de vida. “Depressão, ansiedade, síndrome do pânico, entre outras doenças mentais são comuns. O estresse prolongado pode causar ainda outras doenças como diabetes, pressão alta e problemas cardíacos”, afirma.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito no consultório do psiquiatra.“O tratamento básico é a psicoterapia. São utilizados também medicamentos com ação no desequilíbrio químico do cérebro, como os antidepressivos”, explica a médica Caroline Mattos.
Em alguns casos o trabalhador não precisa se afastar do trabalho. “A simples mudança de atitude diante do chefe abusivo pode reverter a situação”, comenta.
Em outros casos, o afastamento do trabalho é inevitável e isso pode ser recomendado por longos períodos.
“Existem situações em que o ideal é o funcionário não retornar mais àquele ambiente de trabalho. O tratamento psiquiátrico e a psicoterapia vão ajudá-lo a reconquistar o equilíbrio emocional e, nesse sentido, buscar novas possibilidades de realização profissional”, diz a médica.
Caroline Stefani de Mattos Queiroz
- Médica pela Universidade do Vale do Itajaí (SC)
- Especialista em Psiquiatria Clínica pela Hidelberg – Curitiba (PR)
- Aprovada na Prova de Título em Especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria (RQE 2872)
- Registrada no Conselho Federal de Medicina do Paraná (CRM 25-197)