Quinta-feira, 21 de novembro de 2024 Login
Ao longo da gravidez o corpo da mulher passa por inúmeras alterações hormonais e mudanças, algumas são negativas e merecem atenção. É o caso do diabetes gestacional, doença caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue durante a gravidez, podendo prejudicar tanto a saúde da mãe quanto do feto. Em casos mais graves, pode provocar parto prematuro e a morte do bebê.
Entre as consequências estão problemas renais, hipertensão, aumento desproporcional do peso do bebê e hipoglicemia, alerta o médico ginecologista e obstetra Dr. Carlos Lisboa (CRM 16.265).
“O corpo passa a produzir mais insulina, que é responsável por transportar a glicose dos alimentos até as células. Esse processo se intensifica no último trimestre da gravidez, entre a 24ª e a 28ª semana, porque é nesse período que a mulher passa a ingerir mais carboidrato para um bom desenvolvimento da criança”, explica.
No entanto, outros hormônios são liberados durante a gravidez, e podem atrapalhar esse processo, fazendo com que o pâncreas – glândula responsável pela produção de insulina – trabalhe dobrado para tentar manter os níveis da substância em ordem. Nem sempre isso dá certo, e sobra açúcar demais na corrente sanguínea, aí começa o diabetes gestacional.
“O bebê começa a receber muita glicose através da placenta, o que sobrecarrega o pâncreas dele, já que não há hormônios suficientes para transformar a glicose em energia. Essas sobras viram gordura, e a criança ganha peso além da conta. Além disso, o excesso de hormônio atrapalha a absorção substâncias como cálcio, potássio e magnésio e aumenta o risco de parto prematuro e icterícia (pele amarelada) ”, pondera Dr. Carlos.
O médico explica que no momento do parto, em que é cortado o cordão umbilical, o fornecimento de açúcar da mãe para o bebê é interrompido, o que pode causar uma hipoglicemia – queda na quantidade de glicose na circulação – no pequeno, já que seu pâncreas produziu muita insulina. “Em casos mais graves, quando mesmo após cortar o cordão umbilical, devido a queda brusca de glicose, ocorre a hipoglicemia no bebê, que pode levar a complicações e até a morte”, ressalta o especialista.
Riscos, sintomas e prevenção
Mulheres com gestação em idade avançada, hipertensas, diabéticas, bem como as obesas, tem mais riscos de desenvolver diabetes gestacional. Ganho de peso excessivo durante a gravidez, mesmo para aquelas mulheres que não são consideradas obesas pode ser mais um dos fatores de risco para a doença.
Sede e vontade de urinar constantemente, fraqueza, cansaço e náuseas frequentes são alguns sintomas do diabetes gestacional.
A prevenção deve iniciar com o pré-natal. “Seguir as orientações do obstetra, cumprindo a risca todos os exames solicitados e as recomendações é o primeiro passo para a prevenção do diabetes gestacional”, orienta o Dr. Carlos.
Atividade física e alimentação balanceada também são formas de prevenir o diabetes gestacional e outras doenças. “Então, ter uma dieta equilibrada e praticar exercícios é recomendado para manter os níveis de glicose sob controle", disse.
O exame
O famoso teste oral (curva glicêmica), em que a gestante ingere um líquido com alto teor de açúcar, é feito a partir da 24ª semana. Logo após, são colhidas amostras de sangue a cada hora.
Se no resultado do exame a gestante apresentar um nível de glicose igual ou acima de 92 miligramas por decilitro (mg/dl), caracteriza-se diabetes gestacional.
Tratamento
O tratamento requer um acompanhamento específico onde são feitas avaliações regulares da curva glicêmica.
“Orientamos a dieta da gestante. As refeições devem ser distribuídas ao longo do dia e a ingestão de gordura deve ser mínima. Frutas, legumes, verduras e alimentos integrais devem fazer parte do dia a dia dela, além de exercícios físicos, se não houver contraindicação”, diz.
Dr. Carlos esclarece que se mesmo assim não houver redução dos níveis de glicose e ela continuar aumentando, podem ser indicadas injeções de insulina, afim de equilibrar a produção de hormônios.
“É uma doença perigosa que requer atenção, mas que acaba logo após o parto. No entanto, as mulheres ficam mais suscetíveis a desenvolverem diabetes tipo 2”, alerta. Por isso, não deixe de consultar seu obstetra.