Domingo, 24 de novembro de 2024 Login
Um estudo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC), realizado pelo Instituto da Criança e do Adolescente, indicou presença de anticorpos em leite de colaboradoras lactantes do HC, imunizadas com a vacina Coronavac, do Instituto Butantã. Foi observado que a segunda dose fornece um incremento no nível de anticorpos das gestantes e, em algumas das colaboradoras, níveis altos de anticorpos contra a covid-19 mantiveram-se no leite mesmo depois de alguns meses de amamentação.
O aleitamento materno oferece dupla proteção, primeiro por meio da placenta, com anticorpos da classe IGG, que têm um período mais curto de vida e também pelo leite materno, com anticorpos da classe IGA, repostos com mais frequência em função do aleitamento constante. O leite materno é importante justamente porque carrega um grande repertório de anticorpos, acumulados ao longo da vida da gestante.
“O que o estudo mostra é que essa vacina também se incorpora ao repertório materno e a mãe vai passando esse anticorpo várias vezes ao dia ao bebê”, explica a professora Magda Carneiro Sampaio, do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP, vice-presidente do Conselho Diretor do Instituto da Criança do HC. Há mais de 30 anos ela desenvolve uma linha de trabalho sobre o estudo do leite humano. “Esse anticorpo [advindo do leite] é muito interessante, porque tem uma ação fundamentalmente local, quase nada dele é absorvido. Sua ação é em todo o trato gastrointestinal do bebê”, diz a professora em entrevista ao Jornal da USP.
Ela destaca que estudos equivalentes foram feitos em outros países, como Israel, EUA, e Espanha, mostrando que as vacinas Pfizer, Moderna e Astrazeneca também induzem anticorpos no leite. “No fundo, isso mostra que a Coronavac, nosso imunizante mais amplamente disponível no Brasil, é um bom imunizante.”
“Dentre as que nós temos aqui disponíveis em maior quantidade, ela é a mais adequada para as gestantes justamente por essa questão da trombofilia”, diz a professora, a partir dos indícios coletados no trabalho. Ela reforça que mulheres gestantes compõem o grupo de risco da covid-19 e a tendência de se formarem coágulos sanguíneos é maior nesse período.
Fonte: Jornal da USP
Foto: Marcos Santos