Domingo, 24 de novembro de 2024 Login
De acordo com o médico, a vacina é uma medida protetiva, que as pessoas têm a liberdade de escolha em não se vacinar, mas o risco de contrair a doença é muito alto
Foto: Rosi Rodrigue/Arquivo Pessoal Luiza Lima
Infectologista que atua na linha de frente do combate a doença do novo Coronavirus - Covid-19 em hospitais de Umuarama, Dr. Raphael Chalbaud Biscaia Hartmman, em entrevista à jornalista Luiza Lima, no programa Bianca News, da Rádio Bianca FM, no dia 11 de fevereiro, destacou que o controle da pandemia está perto de acontecer, mas devido à mutação do vírus, o número de pessoas testando positivo para a doença vai continuar por algum tempo. “Pelas perspectivas ainda vamos enfrentar níveis altos até junho e julho, até conseguir vacinar grande parte da população, para então começar a diminuir”, disse. E citou Israel como exemplo, que tem um coeficiente grande de pessoas vacinadas e já registra redução dos casos graves.
Para o médico, a redução de casos registrados em Umuarama nos últimos dias é uma coisa boa, mas não deve ser encarado como fim do problema. “Em Umuarama temos diminuição dos casos, mas ainda assim, vivemos o limiar de termos surtos esporádicos, se descuidarmos das medidas de proteção”, enfatizou.
O medo da vacina
Frente ao medo de muita gente em tomar a vacina, por diversas questões, Dr. Raphael tranquilizou a população. “A vacina não é um bicho de sete cabeças, criou-se muita mídia contrária à vacina, porque veio desse ou daquele país, ou porque é produzida por essa ou aquela empresa, ou porque a vacina é para fazer um controle populacional. Isso é mentira, um total descabimento, a vacina é uma medida protetiva, as pessoas têm a liberdade de escolha em não se vacinar, mas o risco de contrair a doença é muito alto”, alertou, lembrando que todos os insumos são chineses, mas as vacinas são produzidas nos países de origem das empresa fabricantes. “O Butantan, por exemplo, fabrica vacina da H1N1 há cerca de oito anos, com insumo chinês. E tanto o Butantan como o Fiocruz são Institutos muito sérios”, ponderou.
Reações adversas
Dr. Raphael comentou ainda sobre as reações adversas que algumas pessoas apresentam após tomar a vacina. “Todo tipo de medicamento ou de vacina pode ter um potencial de reação adversa e até mesmo alérgica, pode apresentar sintomas como febre, um quadro gripal, um mal estar no corpo, mas nada de diferente do que a vacina do H1N1 apresentou no passado”, comparou. “Não vacinar é um risco à vida”, completou.
Ele lembrou também que o fato de não tomar vacina pode representar um limitador a viagens internacionais, por exemplo. “Não tomar a vacina vai limitar as pessoas, que não poderão entrar em outro país, porque, provavelmente, até o final do ano, os países só vão permitir a entrada de quem comprovar que tomou a vacina”, apontou.
Por que duas doses do imunizante?
O infectologista explicou como se dá a ação da vacina no organismo e a necessidade da segunda dose. “Tanto a vacina do Butantan quanto a da AstraZeneca agem por indução. O corpo recebe parte do fragmento do material do vírus. Não existe vírus vivo nessas vacinas, é importante ressaltar isso”, disse.
Conforme esclareceu, da mesma forma que é o vírus e a vacina H1N1, é a vacina do Butantan contra a covid-19, um vírus inativado. “É como se tivesse só a casquinha de fora, para que o corpo consiga entender que aquilo é para produzir imunidade”, analisou. “E existe um período de 24 a 28 dias entre a primeira e a segunda dose, que já sabemos que é necessário. E mais 10 dias após a segunda dose para consideramos o paciente completamente imunizado”, ressaltou.
Não compensa se arriscar
O alerta do infectologista quanto a esses períodos é para que as pessoas não achem que com dois ou três dias após a vacina já podem voltar à vida normal. “Não é assim que o corpo funciona. Leva tempo e precisamos aguardar esse tempo”, observou.
Ele destacou que é comum ver pessoas sem máscaras nas ruas de Umuarama, praticando atividade física, junto com idosos, com crianças. “Não é hora de descuidar. Estamos tão perto de conseguir fazer o controle ideal, não compensa nos arriscarmos. Não é porque temos uma luz no fim do túnel, que é a vacina, que vamos descuidar”, asseverou.
Dr. Rafael lembrou que os hospitais ainda estão cheios com pacientes de coronavirus, que as equipes estão numa luta incessante contra a doença. Ele mesmo chega a passar 72 horas dentro do hospital.
Tirando o chapéu
Um dos fatores que tem dificultado o enfrentamento da pandemia é a falta de mão-de-obra qualificada, porque as instituições de ensino não formam profissionais com a frequência necessária que a pandemia impõe.
E sem desmerecer cada um dos profissionais da linha de frente de atendimentos aos pacientes com covid – médicos enfermeiros e técnicos de enfermagem – que são extremante importantes, Dr. Raphael destacou que a chave principal do tratamento está vinculada à fisioterapia. “Além de todos os técnicos e enfermeiros que estão cuidando 24 horas dos doentes, tenho que tirar o chapéu para o nosso amigo fisioterapeuta, que é o principal ator nesse tratamento. Como é uma doença pulmonar, os cuidados que eles têm em relação ao tratamento dentro do hospital é muito importante, mais do que qualquer medicação”, apontou, explicando que como não há um medicamento específico, a fisioterapia pulmonar é essencial, no pré, durante e pós covid, porque muitos paciente têm sequelas do internamento.
Dr. Raphae finalizou a entrevista destacando que “a chave do sucesso para acabar com a pandemia é amor. Amor pelo outro, empatia. Não se esqueça do outro. Isso é bíblico. Se lembrarmos dessa peça chave, vamos passar por essa atribulação”, disse confiante.
Falando do Dr Raphael Hartmamn
Dr. Raphael Chalbaud Biscaia Hartmman é Infectologista, está em Umuarama há cerca de 10 meses, vindo a pedido das instituições hospitalares devido à necessidade de ter um especialista para atuar nos hospitais frente à pandemia, por Umuarama ser referência no recebimento de pacientes com covid.
Formado em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), em Clínica médica e Infectologia, o especialista tem foco ainda em doenças como HIV, Hepatite, Tuberculose, Hanseníase, entre outras.
É também cirurgião dentista, com duas especializações dentro da odontologia.
Além de ser altamente técnico e realizar um trabalho de excelência no atendimento, também é um grande ser humano, admirado pela equipe e amado pelos pacientes... a quem trata com incansável dedicação e muita humanidade, carinho e amor.
A entrevista com Dr. Raphael Hartmman foi conduzida pela jornalista Luiza Lima, no Programa Bianca News, da Rádio Bianca FM.