Sábado, 23 de novembro de 2024 Login
Preconceito e desinformação prejudicam no diagnóstico precoce do câncer de próstata
Foto: Divulgação
Muitos homens temem o exame de toque retal por associarem a masculinidade ou a sexualidade. Infelizmente, quase um terço dos pacientes são diagnosticados com o câncer em fase avançada ou com metástase.
A cultura da ‘ultramasculinidade’ também afeta diretamente no tratamento da doença. Em muitos casos, a prostatectomia (cirurgia de retirada da próstata), causa medo devido às sequelas relacionadas às atividades sexuais.
“Vivemos em uma sociedade onde o masculino está muitas vezes associado à capacidade produtiva e geração de recursos financeiros. Ter uma vida limitada em função do câncer pode implicar em uma crise de identidade, gerar sentimentos de baixa autoestima, podendo levar o homem a um sentimento de perda do significado da vida, causando uma ferida profunda e dolorosa em sua masculinidade”, afirma o psicoterapeuta Herbert Guazelli.
A incontinência urinária também ocorre com frequência em homens que foram tratados com cirurgia ou radioterapia. “Esse é outro fator que implica diretamente no psicológico masculino durante o tratamento”, esclarece o especialista. A boa notícia é que em muitos casos essa situação é temporária.
Além disso, a disfunção sexual pode estar relacionada a um quadro depressivo desenvolvido após o aparecimento da doença. E aí, outra barreira da ‘ultramasculinidade’ surge e muitos homens ignoram os sintomas ou demoram a buscar tratamento.
O psicoterapeuta alerta que independente do tipo de câncer, a depressão e a ansiedade têm forte impacto na sexualidade do paciente e na relação do casal. “O cenário pode gerar culpa nos pacientes por acharem que estão privando seus parceiros. É importante a comunicação aberta entre o casal, pois a vida sexual pode voltar a ser satisfatória para ambos”, afirma.
Um fator que pode auxiliar muito é a busca por um tratamento de autoconhecimento e da própria sexualidade. Passar a conhecer e a explorar diversas formas na busca da satisfação. “Lembrando que independente do processo de adoecer o carinho, o sentimento e o desejo pemanecem”, aponta o especialista.
Sobre a depressão
De acordo com o psicoterapeuta, é comum pacientes com câncer desenvolver a depressão, principalmente devido ao medo da morte e a impotência diante do diagnóstico. “A doença causa impactos psicológicos, emocionais e existenciais”, informa.
Herbert Guazelli esclare que diferente de uma tristeza natural (até esperada em pacientes oncológicos), a depressão é um transtorno psiquiátrico que possui sintomas específicos. Entre eles: falta de ânimo e disposição para realizar tarefas, alteração do sono e no apetite, irritabilidade, descuido com o autocuidado, choro fácil e sem motivo aparente, tristeza e isolamento.
“É importante que o paciente ou o cuidador fale a respeito do estado emocional para a equipe que o acompanha, quanto antes a intervenção diante de quadro depressivo, melhor a retomada da qualidade de vida”, alerta o especialista.
Fonte: noticias-R7