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Dia dos Pais: entre a celebração e o silêncio da ausência

Publicado em 10/08/2025 às 08:00 por Editoria Movimento Saúde

O Dia dos Pais, celebrado no segundo domingo de agosto, costuma ser retratado por imagens de abraços calorosos, presentes cuidadosamente escolhidos e mesas de almoço cheias de afeto. Mas, para milhões de brasileiros, essa data vem acompanhada de um silêncio profundo e de uma ausência que vai muito além da cadeira vazia à mesa.

O retrato da família brasileira mudou. Segundo o Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 49,1% dos domicílios no país são chefiados por mulheres — um aumento expressivo em relação aos 38,7% registrados em 2012. Em outras palavras, quase metade das famílias brasileiras não tem um homem como principal responsável pelo lar. Essa realidade, embora possa refletir a autonomia feminina, também revela um fenômeno preocupante: a ausência paterna, seja por abandono, separação, violência ou pela simples recusa de assumir a responsabilidade afetiva e legal pelos filhos.

Essa ausência, muitas vezes, começa no instante em que a vida chega. Dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (ARPen Brasil) mostram que, apenas no primeiro semestre de 2023, cerca de 164,6 mil bebês — o equivalente a 6,9% dos nascidos no período — foram registrados sem o nome do pai na certidão de nascimento. É um dado que não se resume a números: ele traduz histórias de crianças que crescerão sem o vínculo formal e, muitas vezes, emocional com a figura paterna.

O impacto dessa lacuna é profundo. De acordo com a Agência Brasil, mais de 11 milhões de mulheres no Brasil criam seus filhos sozinhas, sem qualquer apoio do genitor. A ausência paterna está associada a um risco maior de vulnerabilidade social, dificuldades escolares e problemas emocionais. Estudos internacionais conduzidos por universidades como Princeton e Berkeley indicam que crianças privadas de uma relação saudável com o pai têm maior probabilidade de enfrentar desafios no desenvolvimento socioemocional — e, no Brasil, dados jornalísticos e acadêmicos apontam que meninos sofrem de maneira ainda mais intensa as consequências dessa falta.

O Dia dos Pais, portanto, não é apenas uma data para celebrar quem está presente. É também uma oportunidade de reflexão sobre os papéis, responsabilidades e impactos da paternidade — e sobre como a sociedade pode apoiar mães solo e famílias em que a figura paterna é ausente. Paternidade não se define apenas pela presença física ou pelo nome na certidão: é construída no cuidado diário, no diálogo, na proteção e no compromisso com o bem-estar dos filhos. Talvez, neste ano, além de celebrar, seja hora de pensar em como transformar o silêncio da ausência em presença real, contínua e amorosa.

 

Autora: Rosi Rodrigues - Jornalista 

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