Quinta-feira, 21 de novembro de 2024 Login
Nova diretriz da Organização Mundial de Saúde (OMS), anunciada nesta segunda-feira (15) determina que adoçantes sem açúcar não devem ser utilizados para controlar o peso corporal ou reduzir o risco de doenças não transmissíveis. O documento reúne resultados de uma revisão sistemática das evidências disponíveis sugerem que o uso dos adoçantes não oferece nenhum benefício a longo prazo na redução da gordura corporal em adultos ou crianças. Os resultados da revisão também sugerem que pode haver efeitos indesejáveis potenciais do uso prolongado dos produtos, como um risco aumentado de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mortalidade em adultos.
“Substituir açúcares livres por adoçantes sem açúcar não ajuda no controle de peso a longo prazo. As pessoas precisam considerar outras maneiras de reduzir a ingestão de açúcares livres, como consumir alimentos com açúcares naturais, como frutas, ou alimentos e bebidas sem açúcar”, diz Francesco Branca, diretor de Nutrição e Segurança Alimentar da OMS.
Tipos de adoçantes mais usados
Aspartame
O aspartame possui um baixo valor energético e é cerca de 200 vezes mais doce que o açúcar. É utilizado em todo o mundo como substituto do açúcar em inúmeros alimentos e bebidas, incluindo cereais, pastilhas elásticas sem açúcar, refrigerantes “zero” ou “sem açúcar” ou adoçante de mesa.
O aspartame tem sido bastante controverso desde que o seu uso foi aprovado por vários países europeus nos anos 80. Um relatório de 1996 sugeriu uma ligação entre o aspartame e um aumento do número de tumores cerebrais diagnosticados. Contudo, o estudo tinha pouca base científica e estudos posteriores mostraram que o aspartame era seguro para consumo humano.
Após mais estudos polémicos que sugeriam a ligação deste edulcorante a várias patologias, nomeadamente do foro oncológico, seguiu-se uma revisão extensiva da European Food Safety Authority (EFSA) que conclui que o aspartame era seguro para consumo humano, inclusive para grávidas e crianças.
Em termos digestivos, o aspartame é rapidamente e completamente quebrado em vários compostos, entre os quais a fenilalanina, que por sua vez entram no nosso sistema de forma natural
Deste modo, a EFSA salientou que o aspartame não é seguro para pessoas com fenilcetonúria – uma doença genética rara na qual o organismo não tem capacidade de metabolizar a fenilalanina.
Ingestão diária aceitável: 40mg/kg peso corporal
Sacarina
A sacarina foi descoberta nos Estados Unidos em 1879 e é o mais antigo dos adoçantes artificiais. Não possui calorias e é cerca de 300 a 400 vezes mais doce do que o açúcar. Algumas pessoas acham que tem um gosto amargo e/ou metálico.
Existem vários alimentos e bebidas com sacarina adicionada, incluindo produtos de pastelaria, pastilha elástica e adoçante de mesa. A sacarina é também utilizada em produtos de cosmética, como pasta de dentes e lip gloss, assim como a alguma vitaminas e medicamentos.
A sacarina não é quebrada quando é digerida, sendo lentamente absorvida pelo organismo e excretada pelos rins.
Também a sacarina já passou por um apertado controlo depois de ter sido associada a vários tipos de cancro, sendo que atualmente é considerada segura para consumo humano.
Ingestão diária aceitável: 5mg/kg peso corporal
Sucralose
A sucralose faz parte do grupo de adoçantes artificiais, deriva da sacarose e tem um poder adoçante cerca de 600 a 700 vezes superior ao do açúcar.
É valorizada por não possuir um gosto amargo. Encontra-se em vários produtos como refrigerantes, pastilha elástica, molhos para salada ou cereais de pequeno-almoço. Por ser muito doce, é frequentemente misturada com outros produtos adoçantes que não são isentos de calorias, como a dextrose, de modo a diluir o sabor doce.
Quando é consumida, a maioria da sucralose não é absorvida pelo organismo e é excretada pela urina.
Também a sucralose não esteve livre da “má fama”, tendo sido associada a dores de cabeça ou ao facto de ter efeitos negativos no sistema imunitário. Contudo, uma revisão feita em 2000 concluiu que a sucralose é segura para consumo humano.
Ingestão diária aceitável: 15mg/kg peso corporal
Inofensivos?
Uma pesquisa realizada em 2022 pelo Instituto Weizmann, em Israel revelou que os adoçantes artificiais podem não ser inofensivos. Segundo o estudo, os substitutos do açúcar podem prejudicar o metabolismo da glicose e o microbioma – o conjunto de microrganismos – do intestino.
Foram analisados 120 adultos saudáveis, divididos em seis grupos. Quatro receberam sachês de adoçantes comuns – sacarina, sucralose, aspartame ou stevia – e os outros dois grupos serviram como controle. Duas semanas depois, os pesquisadores identificaram mudanças na composição e na função do microbioma e das pequenas moléculas que os micróbios intestinais secretam no sangue das pessoas.
Os adoçantes à base de sacarina e sucralose alteraram significativamente a tolerância à glicose nos receptores celulares, dificultando sua absorção pelas células, o que poderia contribuir para doenças metabólicas como o diabetes (os outros dois não apresentaram esse efeito).
Os dois grupos-controle não apresentaram alterações no microbioma ou na tolerância à glicose. Camundongos livres de germes nos quais se aplicaram micróbios intestinais de mais de 40 participantes do estudo, que haviam usado adoçantes, também apresentaram resistência à glicose.
A orientação é que se pense duas vezes antes de pingar as gotas de adoçante no café... ou em qualquer alimento.
Texto adaptado de Revista Pesquisa Fapesp
Imagens: divulgação
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