Sábado, 23 de novembro de 2024 Login
Os gatilhos mais comuns para as crises de asma incluem as infecções respiratórias, alérgenos transportados pelo ar, irritantes inalatórios, extremos de temperatura e umidade, além do exercício físico
Foto: Divulgação
Os gatilhos mais comuns para as crises de asma incluem as infecções respiratórias, alérgenos transportados pelo ar, irritantes inalatórios, extremos de temperatura e umidade, além do exercício físico. O primeiro passo para manejo do paciente com asma é reduzir a exposição aos fatores desencadeantes, questionando sobre os mesmos na casa, na escola, ambiente de trabalho, etc. Em relação às intervenções a serem realizadas, temos:
Além da identificação dos gatilhos, o médico também deve estar atento às comorbidades dos pacientes com asma mal controlada. Dentre os fatores que podem piorar ou mimetizar sintomas de asma estão inclusas uma variedade de condições, tais como como rinossinusite, obesidade, doença pulmonar obstrutiva crônica, refluxo gastrointestinal e apneia do sono.
Fatores desencadeantes
São os principais fatores que contribuem para as exacerbações da asma e incluem as infecções virais (rinovírus, influenza, vírus sincicial respiratório, metapneumovirus, etc.) e bacterianas (pneumonias). O provável mecanismo inclui a inflamação das vias respiratórias por neutrófilos e eosinófilos, alterações nos receptores celulares das vias aéreas e aumento da permeabilidade da mucosa aos alérgenos. Para pacientes asmáticos que fizeram uso de terapia com glicocorticoide oral no último ano, história de internações recorrentes ou com infecção suspeita ou confirmada por influenza, está indicada terapia antiviral (preferencialmente com o oseltamivir). Medidas de prevenção como a vacinação contra influenza e o pneumococo são recomendadas especialmente nesses pacientes.
Incluem os alérgenos inalatórios, alimentícios e ocupacionais.
Irritantes inalatórios
A fumaça proveniente do fumo do tabaco e da maconha são os irritantes mais comuns. A inalação da fumaça está associada a sintomas mais severos, maior número de visitas ao pronto-socorro, maiores taxas de hospitalização, queda acelerada da função pulmonar e resposta prejudicada à corticoterapia oral ou inalatória. Crianças expostas a esses agentes, inclusive de forma passiva, apresentam maior risco de desenvolver asma, sintomas mais graves e exacerbações mais frequentes do que as não expostas.
Extremos de temperatura e umidade podem causar broncoconstrição e influenciar na severidade da asma induzida por exercício. O mecanismo preciso não é bem definido, mas sugere-se que a inalação de ar frio e seco levaria à perda de água das vias áreas devido a hiperventilação nas atividades físicas, o que poderia aumentar a inflamação nesses tecidos. Já o ar quente e úmido poderia provocar broncoconstrição mediante estímulo vagal das fibras nervosas do tipo C.
A broncoconstrição induzida pelo exercício afeta uma parte considerável da população asmática. Contudo, a prática de atividade física, de maneira geral, tem benefícios substanciais e tende a reduzir a sensibilidade aos outros fatores desencadeantes do broncoespasmo. Por isso, a realização regular dos exercícios deve ser encorajada. Algumas intervenções podem ajudar a reduzir os sintomas de asma durante o exercício: manter a asma bem controlada, melhorar gradualmente o desempenho cardiovascular do paciente, utilizar beta agonista de curta ação 5 a 15 minutos previamente à atividade física.
As alterações hormonais relacionadas ao ciclo menstrual e a gravidez podem afetar a frequência e severidade da asma em alguns pacientes. A piora da asma durante o período menstrual pode ocorrer em até 30% dos pacientes e aproximadamente 1/3 das mulheres grávidas. A fisiopatologia por trás desse fenômeno é incerta, apesar de variações nos níveis de estradiol, progesterona e testosterona estarem associadas a alterações em marcadores de atopia e asma, upregulation de eosinófilos e mastócitos e aumento da reatividade brônquica.
Medicações
Medicações como betabloqueadores e inibidores da enzima conversora de angiotensina, usados para controle da pressão arterial, bem como aspirina e outros anti-inflamatórios não esteroides podem agravar a asma. Por isso, pacientes asmáticos que precisam usar tais drogas necessitam de um acompanhamento mais rigoroso.
Ansiedade, depressão e estresse crônico estão associados a maiores índices de exacerbações em pacientes asmáticos. Depressão parental também está associada a maiores casos de asma grave em crianças. Intervenções como terapia comportamental e, algumas vezes, a medicalização, podem ajudar no controle desses gatilhos.
Podemos concluir que identificar e evitar os chamados gatilhos da asma são medidas essenciais para prevenção e redução das exacerbações. Em alguns casos, a modificação no estilo de vida é a primeira conduta a ser tomada; em outros, são necessárias intervenções especificas.
Fonte: PEBMED
Autor: Danillo Barros
Graduado em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ) ⦁ Especialista em Pediatria pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fundação Oswaldo Cruz) ⦁ Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria ⦁ Especialista em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fundação Oswaldo Cruz) ⦁ Atualmente, é médico pediatra no Hospital Pasteur, Hospital Quinta D’Or e no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira ⦁ Contato: danillo.barros@iff.fiocruz.br
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