Sábado, 19 de abril de 2025 Login
A queda de cabelo, problema que aflige milhares de homens e mulheres em todo o mundo, não deve ser encarada apenas como uma consequência natural do envelhecimento ou da herança genética. Hábitos cotidianos como má alimentação, sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas podem acelerar – e muito – a perda dos fios, inclusive em pacientes que já realizaram transplante capilar.
Para entender melhor essa relação direta entre saúde capilar e nutrição, o Movimento Saúde entrevistou a médica Dra. Roberta Arneiro Dantas Lugli (CRM 36223), pós-graduada em Tricologia e Transplante Capilar pela BWS – SP. Com vasta experiência no atendimento clínico e cirúrgico de pacientes com queixas de calvície e afinamento dos fios, a médica defende um olhar mais atento para dentro do corpo quando o assunto é cabelo: “A queda de cabelo pode estar relacionada a doenças infecciosas, deficiências nutricionais e hormonais. O ideal é investigar antes de tratar, porque a falta ou o excesso de nutrientes prejudica o desenvolvimento do fio”, afirma.
Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:
1. De que forma a alimentação impacta diretamente a saúde dos cabelos, tanto nos pacientes que passaram por transplante capilar quanto naqueles que buscam prevenir a queda?
Dra. Roberta: A maior parte do cabelo é formado por proteína, como a queratina, que perde sua característica estrutural em caso de carência nutricional. Dietas restritas vão impactar negativamente no cabelo e uma dieta com alimentos ricos em proteínas, minerais, aminoácidos, antioxidante e biotina influenciam positivamente na força, crescimento e vitalidade dos fios.
2. Quais são os principais nutrientes que não podem faltar no prato de quem quer manter os cabelos fortes e saudáveis? Poderia citar alguns alimentos-chave?
Dra. Roberta: Nutrientes ricos em vitamina A como cenoura, abacate e mamão. Nutrientes ricos em proteínas e biotina como ovo, atum, sardinha e salmão. Antioxidantes como acerola, laranja, framboesa e Cranberries.
3. Há alimentos que devem ser evitados ou consumidos com moderação por quem deseja proteger os fios ou evitar o agravamento da queda?
Dra. Roberta: Alimentos em excessos podem prejudicar o cabelo como por exemplo o consumo exagerado de vitamina A - como o fígado bovino, por exemplo - e selênio - presente na castanha-do-pará e outras sementes - assim como os alimentos industrializados.
4. Quando a alimentação não é suficiente, a suplementação nutricional pode ser uma alternativa? Como avaliar essa necessidade de forma segura e eficaz?
Dra. Roberta: A rotina diária de muitas pessoas não favorece a realização de uma alimentação saudável ou até mesmo condições de saúde que interfira na absorção dos nutrientes. O Nutrólogo ou nutricionista são os profissionais mais recomendados para avaliar a necessidade de suplantação e avaliar quantidade e tempo de uso.
5. Pacientes que realizam o transplante capilar precisam adotar uma dieta específica no pós-operatório para potencializar os resultados do procedimento?
Dra. Roberta: O paciente no pós-operatório do transplante necessita suspender o consumo de bebida alcoólica , cigarro e ter uma alimentação equilibrada por no mínimo 120 dias.
6. A saúde intestinal também tem sido apontada como influente na absorção de nutrientes e, consequentemente, na saúde capilar. Qual a sua visão sobre essa correlação?
Dra. Roberta: Pesquisas demonstram que os efeitos fisiológicos da disbiose – que é um desequilíbrio dos micro-organismos intestinais resultantes de estresse elevado, má alimentação, drogas e gatilhos ambientais contribuem para a queda de cabelo.
Permeabilidade intestinal: O aumento da permeabilidade intestinal expõe os folículos capilares a maiores danos.
Inflamação intestinal: Aumento da circulação de citocinas pró-inflamatórias que atingem os folículos pilosos e podem afetar o ciclo de crescimento.
Má absorção: A má assimilação de nutrientes devido a um intestino disfuncional diminui os processos metabólicos envolvidos na síntese do cabelo
7. O consumo de bebidas alcoólicas pode interferir na saúde dos cabelos ou nos resultados de um transplante capilar? Existe um tempo mínimo de abstinência recomendado após o procedimento cirúrgico, e o álcool pode contribuir para a queda dos fios, mesmo em pessoas que não fizeram o transplante?
Dra. Roberta: O consumo excessivo de bebida alcoólica deve ser evitado pré e pós transplante capilar. O ideal é uma abstinência de 120 antes e após. O álcool impede a absorção de nutrientes no intestino, podendo prejudicar o processo de cicatrização.
O Álcool causa desidratação do fio, desnutrição do fio e há estudos mostrando que o álcool produz um subproduto chamado de acetaldeído que interfere no sistema imunológico do couro cabeludo podendo acelerar a calvice
8. Para encerrarmos, quais são as principais recomendações que a doutora daria para quem deseja manter a saúde capilar em dia — tanto para quem já fez um transplante quanto para quem quer preservar os fios naturais e evitar a queda de cabelo no dia a dia?
Dra. Roberta: A importância de buscar atendimento médico quando observar queda de cabelo acima do normal ou o seu afinamento capilar. A queda de cabelo pode estar relacionada a doenças infecciosas, deficiência nutricionais e hormonais. O ideal é investigar antes de tratar o quanto antes, porque a falta ou o excesso de nutrientes prejudica o desenvolvimento do fio. Para quem já realizou o transplante precisa manter o tratamento da alopecia androgenética masculina por tempo indeterminado e acompanhado médico anual.
SOBRE Dra. Roberta Arneiro Dantas Lugli é médica com registro no CRM/PR 36223, especialista em Medicina da Família e pós-graduada em Tricologia e Transplante Capilar pela BWS, em São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira do Cabelo (SBC), Dra. Roberta atua com foco na saúde capilar de forma ampla, investigando causas clínicas, hormonais e nutricionais da queda de cabelo em homens e mulheres. Com vasta experiência no atendimento clínico e cirúrgico, ela tem se destacado por oferecer soluções personalizadas, eficazes e humanizadas, que priorizam o cuidado integral do paciente.
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