Quarta-feira, 4 de dezembro de 2024 Login
Na linha de frente da batalha contra doenças, os profissionais de saúde lidam com um inimigo silencioso: o burnout. Êdela Nicoletti, psicóloga especialista em Terapia Comportamental Dialética (DBT), destaca que "os profissionais de saúde são treinados para cuidar dos outros, mas muitas vezes esquecem de cuidar de si mesmos." Esse descuido gera um impacto devastador, não apenas sobre esses trabalhadores, mas também nos pacientes que dependem de seus cuidados.
O burnout pode levar a consequências graves, como incapacitação plena e até mesmo o suicídio. Estudos mostram que mais de 50% dos profissionais de saúde relatam sintomas de burnout. A pandemia de COVID-19 exacerbou a situação, sobrecarregando trabalhadores com jornadas extensas, falta de recursos e a constante pressão de atuar em um ambiente de alto risco. Nicoletti alerta que "sem uma abordagem proativa para a saúde mental desses profissionais, enfrentaremos uma crise sanitária ainda maior."
Os sinais do burnout incluem exaustão emocional, queda na realização pessoal e dificuldades de interação com pacientes. Este estado não afeta apenas a qualidade do atendimento, mas também a segurança dos próprios profissionais. “Profissionais em burnout têm maior propensão a erros, absenteísmo e até ao abandono da profissão”, explica Nicoletti. Isso agrava a sobrecarga do sistema de saúde, criando um ciclo vicioso que ameaça sua sustentabilidade.
A DBT surge como um recurso promissor nesse cenário. Segundo o psicólogo Vinícius Dornelles, especialista em DBT no Brasil, "as habilidades ensinadas pela DBT, como mindfulness, regulação emocional, efetividade interpessoal e tolerância ao mal-estar, oferecem um suporte essencial para que esses profissionais aprendam a reconhecer seus limites e defendê-los de forma assertiva." Ele reforça que, dentro do contexto corporativo, essa abordagem pode ser um diferencial significativo na prevenção do burnout.
Êdela Nicoletti complementa que "a DBT pode ajudar os profissionais de saúde a reduzir a exaustão emocional e a melhorar a qualidade dos cuidados prestados, beneficiando não apenas eles próprios, mas também seus pacientes."
Para conter a crise, Dornelles defende a criação de ambientes que promovam a saúde mental e incentivem o autocuidado. “É fundamental desmistificar a ideia de que buscar ajuda é um sinal de fraqueza. Na verdade, é uma demonstração de maturidade e compromisso com o bem-estar pessoal e profissional”, afirma.
Programas contínuos de apoio psicológico, horários de trabalho mais flexíveis e um ambiente seguro para discutir desafios emocionais são algumas das soluções que podem ser adotadas. Nicoletti conclui: “Precisamos cultivar uma cultura em que cuidar da própria saúde mental seja visto como uma responsabilidade, e não como fraqueza.”
O bem-estar dos profissionais da linha de frente deve ser prioridade para garantir a continuidade de sua atuação com qualidade, humanidade e segurança, assegurando também a saúde de toda a sociedade.
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