Domingo, 8 de dezembro de 2024 Login
O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é mais do que uma data de reflexão histórica; é um marco para o combate ao racismo estrutural que persiste em diversas esferas, incluindo a saúde pública e privada. A data relembra Zumbi dos Palmares, líder quilombola que simboliza a luta pela liberdade, mas também é um momento de repensar as desigualdades enfrentadas pela população negra no Brasil, particularmente no acesso a cuidados de saúde adequados.
A realidade do acesso à saúde no Brasil
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), a população negra (pretos e pardos) enfrenta barreiras significativas para acessar serviços de saúde. Um levantamento da PNS de 2019 mostrou que 71,5% das pessoas brancas que buscaram serviços de saúde nos 12 meses anteriores à pesquisa conseguiram atendimento imediato, enquanto esse número cai para 62,3% entre a população negra.
Além disso, apenas 20% da população negra possui planos de saúde, em comparação a população branca. Essa disparidade reflete não apenas questões econômicas, mas também um sistema de saúde suplementar que falha em integrar a diversidade racial e geográfica do país.
No âmbito da saúde pública, a maior parte da população negra depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). Embora o SUS seja uma das maiores redes de saúde pública do mundo, desafios como filas de espera, falta de medicamentos e profissionais capacitados para lidar com especificidades de saúde racial tornam o acesso desigual.
Políticas públicas e avanços necessários
A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), instituída em 2009, foi um passo importante para abordar essas desigualdades. Entre seus objetivos, estão a redução das iniquidades no acesso à saúde, o combate ao racismo institucional e a atenção a doenças que afetam de forma desproporcional a população negra, como hipertensão arterial, anemia falciforme e diabetes.
Entretanto, a implementação da PNSIPN ainda enfrenta desafios significativos. Faltam investimentos consistentes, capacitação de profissionais e campanhas educativas que informem a população negra sobre seus direitos e sobre como buscar assistência médica.
O impacto do racismo estrutural
O racismo estrutural no Brasil afeta diretamente os determinantes sociais de saúde. A população negra é majoritariamente encontrada em áreas de maior vulnerabilidade, com menor acesso a saneamento básico, educação de qualidade e alimentação adequada – fatores que influenciam diretamente na saúde.
Estudos mostram que mulheres negras, por exemplo, têm um risco maior de mortalidade materna e menor acesso a métodos contraceptivos. O racismo institucional também se manifesta na forma de um atendimento desigual em hospitais e clínicas, seja por preconceitos conscientes ou inconscientes dos profissionais de saúde.
Combate ao racismo e ampliação do acesso à saúde
Para reduzir essas desigualdades, é essencial ampliar as políticas públicas que visam à equidade racial na saúde. Isso inclui:
A importância do Dia da Consciência Negra
Embora tenha se passado mais de um século desde a abolição da escravatura, o Brasil ainda convive com as marcas do racismo que limitam o pleno exercício da cidadania pela população negra. O Dia da Consciência Negra é uma oportunidade para ampliar o debate sobre essas desigualdades e fortalecer o compromisso com ações que promovam justiça social.
A saúde é um direito fundamental, e a luta pela equidade no acesso é parte essencial do combate ao racismo. Relembrar Zumbi dos Palmares é também reafirmar que um futuro mais igualitário depende de esforços coletivos para desconstruir preconceitos e promover oportunidades reais para todos.
Referências:
ALERTA LARANJA
Brasil enfrenta escassez de dermatologistas em meio à alta de casos de câncer de pele
INCLUSÃO
DIA MUNDIAL DO DIABETES
A epidemia do diabetes afeta não apenas os indivíduos, mas a sociedade como um todo