Segunda-feira, 9 de dezembro de 2024 Login
Enfermeira que atua há três décadas, fala dos desafios e oportunidades da profissão em entrevista especial.
Foto: O Bendito
Entre os dias 12 e 20 de maio comemora-se a Semana da Enfermagem, em todo o país. A data inicial e final escolhida para o período de comemoração se refere a dois marcos importantes para a história da profissão. Um é o nascimento da britânica Florence Nightingale, nascida em 1820. A mulher foi homenageada por organizar e chefiar uma equipe de 38 enfermeiras que foram para a Guerra da Crimeia cuidar dos soldados feridos. Além disso, ela também lutou para dar à atividade um caráter profissional, ajudando a lançar as bases do ensino de Enfermagem.
A outra homenageada pela data é Ana Néri, que era baiana e foi pioneira da enfermagem no Brasil, falecendo em 20 de maio de 1880. A mulher é relembrada no país por ter deixado tudo para servir voluntariamente como enfermeira na Guerra do Paraguai, cuidando dos soldados brasileiros.
O enfermeiro é o profissional responsável pela promoção, prevenção e recuperação da saúde dos indivíduos; tendo como objetivo o tratamento de doenças e o cuidado ao ser humano. “Ser enfermeiro é ser luz. É iluminar o caminho do outro para que ele possa seguir sua vida de forma saudável”, sustenta uma das enfermeiras que atuam há mais tempo na profissão, em Umuarama, Nanci Verginia Kuster de Paula.
Nanci possui 54 anos. A mulher trabalha há 31 anos na profissão e há 30 atua no hospital Norospar. Formada pela PUC-PR, a enfermeira também é Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e professora do curso de Enfermagem da Unipar há 20 anos. “Na época do ensino médio eu fazia um curso técnico na área da saúde. Como eu gostava de estar próxima das pessoas, decidi por fazer Enfermagem. Depois também me apaixonei pela docência porque me permitia passar o conhecimento adquirido para a frente”, conta Nanci.
Para Nanci, a prática da Enfermagem exige competência técnica, conhecimento científico, relacionamento interpessoal e respeito ao ser humano, independente do que o indivíduo possua ou quem ele seja. “O mais apaixonante da profissão é poder cuidar das pessoas, mesmo sem nunca termos as vistos. Por isso a paixão pelo ser humano é essencial para quem quer ingressar na profissão, porque o trabalho exige respeito e valorização de cada indivíduo que necessita da nossa ajuda”, sustenta a enfermeira.
Além de gostar da profissão, a enfermeira também ressalta que é importante saber lidar com os infortúnios da profissão, como por exemplo, o sofrimento das vítimas, dos familiares e do próprio profissional, que também sofre emocionalmente com algumas situações. “Já tive situações em que atendi o paciente e depois fui chorar em um canto. Não é fácil lidar com a dor do outro e não ser afetada também. Uma vez um pai me pediu implorando para salvar o filho, quando já não havia muito o que ser feito. Outra situação que me comove é lidar com o sofrimento de crianças, principalmente as que ficam na UTI”.
Com o sucesso na carreira profissional, Nanci conseguiu renda para estudar os dois filhos, que decidiram pela Medicina. Um deles tem 32 e já está formado e o outro possui 27 anos e está cursando atualmente a graduação. Aos que desejam seguir a carreira, a enfermeira aconselha a se dedicarem nas atividades rotineiras e a buscar apoio dos familiares. “Comecei em cargos baixos dentro do hospital, fui supervisora e hoje sou gerente de Enfermagem. Tudo isso aconteceu porque eu gosto de fazer o que faço. Se a pessoa aprecia, ela se dedica, alcança credibilidade e as oportunidades consequentemente aparecem. Acredito que boa parte do que conquistei também aconteceu por conta do auxílio da minha família, que me impulsionou nos momentos mais difíceis e me incentivaram a ter um espírito de luta”, diz Nanci.
De acordo com Nanci, a Enfermagem lhe possibilitou um contato mais próximo com as pessoas, um de seus desejos antes de realizar a graduação. “Sou feliz com o que faço porque realizo exatamente aquilo que eu queria: cuidar, estar perto dos indivíduos. Até me perguntaram o motivo de eu não escolher Medicina, mas eu acredito que o cuidado é complementar ao tratamento e sem o auxílio da Enfermagem, os pacientes não seriam curados de forma tão eficaz porque são os enfermeiros que possuem um olhar diferenciado para entender a necessidade dos pacientes”.
Para a mulher, a profissão possibilita a oportunidade de compartilhar momentos únicos na vida de uma família, tanto bons, quanto ruins. “Me sinto grata quando vejo o agradecimento de pacientes e familiares quando alguém sai da enfermaria; a confiança depositada em nosso trabalho; o crescimento da equipe de enfermeiros; e os meus alunos se tornarem bom profissionais. Todas essas ocasiões fazem meu trabalho valer a pena. Quando quis ser enfermeira eu queria salvar vidas. Hoje entendo que salvamos vidas todos os dias quando ensinamos, não causamos danos, não cometemos falhas nos procedimentos, quando supervisionamos e também quando reanimamos literalmente o paciente ”, completa Nanci.
Fonte: O Bendito
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