Segunda-feira, 9 de dezembro de 2024 Login
Pesquisadores da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP) desenvolveram uma pomada capaz de secar as feridas labiais causadas pelo herpes tipo 1 em até dois dias.
A substância também promete evitar a reincidência da doença, que é causada pelo vírus herpes simplex, atinge cerca de 90% dos brasileiros, mas só se manifesta quando o sistema imunológico está mais fragilizado.
Caracterizado pela vermelhidão, ardor e pequenas bolhas na região do lábio e da boca, o herpes tipo 1 não tem cura. O tratamento é feito com o uso de medicamentos que aliviam os sintomas durante o período de manifestação do vírus, entre 5 a 10 dias.
O pesquisador Vinícius Pedrazzi explica que a nova pomada acelera o tempo de cicatrização das feridas porque age na estrutura genética do vírus, e também é capaz de reduzir a reincidência da doença.
“Há pessoas que têm uma vez por semana, uma vez por mês, todos os meses, algumas têm uma vez por ano e muitos não vão ter a vida inteira. Com o nosso tratamento, muitos pacientes não têm mostrado recidiva”, afirma.
Pedrazzi conta que a pesquisa teve início há três anos, depois que aplicou um anestésico em uma paciente que sentia dores decorrentes das feridas causas pelo herpes, para conseguir implantar uma prótese ortodôntica.
No dia seguinte ao procedimento, a paciente ligou no consultório do pesquisador para dizer que as bolhas haviam desaparecido. A partir daí, Pedrazzi começou a desenvolver o gel, que tem como base o anestésico que havia utilizado.
“A maioria relata já ausência de sinais nas primeiras horas, e dos sintomas também. A gente nota que tem início o processo de cura e cicatrização em poucas horas. Geralmente, entre 24 a 48 horas, no máximo, já está em processo avançado de cicatrização”, diz.
Ao todo, são três aplicações, sendo que a primeira é feita sob a orientação e supervisão dos pesquisadores no laboratório. As outras duas ocorrem na casa do paciente, após oito e 16 horas da primeira aplicação.
Pedrazzi explica ainda que, diferente das pomadas disponíveis no mercado, o gel desenvolvido na USP é incolor e seca rapidamente, características que agradam os pacientes, que não precisam circular em lugares públicos com marcas esbranquiçadas na boca.
“Não tem o aspecto estigmatizante daquele creme branco no lábio, junto com a ferida, e que demonstra que a pessoa está com herpes”, afirma Pedrazzi. “Já temos acompanhamento de casos com dois anos sem recidiva”, completa.
O pesquisador afirma que está tentando patentear a nova pomada, ainda em fase de testes com 115 pacientes. Uma empresa está interessada na substância, mas ainda não há prazo para venda do medicamento no mercado.
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