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A maioria da população adquire vitamina D pela exposição solar, porém é possível um aporte à base de alimentos como leite, sucos e cereais

Foto: Divulgação

Relação entre a deficiência de vitamina D e casos graves de Covid-19

Publicado em 11/02/2021 às 10:08

Durante a pandemia, muito se questionou se haveria alguma relação entre a deficiência de vitamina D e Covid-19, principalmente em casos mais graves da infecção.  A vitamina D é um hormônio esteroide responsável pela regulação dos níveis corporais de cálcio e sódio e da mineralização óssea. Também exerce importante papel no controle de diversas patologias, como doenças autoimunes e imunossupressão. 

A vitamina D é sintetizada no organismo humano pela ingestão de alimentos ricos em proteínas animais e vegetais e pode ser classificada como colecalciferol (D3) e ergocalciferol (D2) respectivamente de acordo com sua origem alimentar. Além disso,  é sintetizada pela exposição aos raios ultravioletas (UVB) que através da epiderme transforma um derivado do colesterol (7-DHC) em colecalciferol. No fígado, este é convertido em 25 hidroxi vitamina D que é transformada no seu produto final no rim. A maioria da população adquire vitamina D pela exposição solar, porém a população americana tem seu aporte mais relacionado à alimentação como leite, sucos e cereais fortificados com vitamina D. Populações que habitam altas altitudes e com maior concentração de melanina possuem deficiência natural da vitamina por estarem menos expostas à luz solar.

Uma análise com 4962 pacientes na National Health and Nutrition Examination Survey mostrou que quase 40% da amostra apresentava níveis de vitamina D abaixo de 20ng/ml e estavam mais relacionados à pessoas obesas e com diabetes tipo 1 e 2.

Deficiência de vitamina D e Covid-19

Atualmente alguns estudos vêm correlacionando a deficiência de vitamina D com um maior risco de complicações junto a infecção por Covid-19, principalmente em pacientes obesos, negros e com diabetes tipo 1 e 2. Porém, os estudos têm se mostrado confusos e esparsos como alguns exemplos citados abaixo:

  • Um estudo realizado na França com 77 pacientes idosos e diagnosticados com Covid-19, evidenciou que aqueles que consumiam rotineiramente suplementação de vitamina D antes de serem infectados, apresentaram quadros mais leves em comparação com aqueles que tomaram vitamina D logo após o diagnóstico. E um estudo espanhol piloto randomizado com 76 pacientes hospitalizados com Covid-19, que receberam altas doses de vitamina D durante a internação, apresentaram menor incidência de internação em unidade fechada.
  • Estudo em um hospital italiano mostrou uma ligação de baixos níveis de vitamina D com um risco aumentado de desenvolvimento de pneumonia por SARS CoV-2. Porém, idade, sexo e comorbidades apresentaram-se como maiores fatores de risco para mortalidade do que a deficiência de vitamina.
  • Outro estudo realizado por pesquisadores do JAMA Network Open by University of Chicago observou uma grande conexão de deficiência de vitamina D com maiores chances de testagem positiva para Covid-19.
  • Estudo realizado em Julho de 2020 na Indonésia, apesar de não ter sido revisto e publicado, tomou um grande vulto nas redes sociais de forma não oficial, também demonstrando uma forte ligação entre deficiência de vitamina D e maior risco de complicações por Covid-19. Porém, não foi possível analisar nenhum parâmetro desse estudo, o que o tornou desconsiderado.
  • Em outubro de 2020, editores do PLoS One, também expressaram uma certa ligação entre níveis deficientes de vitamina D (abaixo de 30ng/ml) com o dobro de chances de óbito por Covid-19.

Todos os estudos demonstrados apresentaram muitas variáveis e bastante conflito de interesses, principalmente relacionados à indústria de suplementação, o que impede que haja uma conclusão assertiva que possa correlacionar efetivamente a deficiência de vitamina D com casos graves de Covid-19. Porém, níveis adequados de vitamina D são essenciais para a saúde óssea e a prevenção da deficiência vitamínica é sempre um objetivo clínico essencial.

Autora: Gabriela Queiroz

Graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Ministério da Educação (MEC) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Centro de Especialização e Treinamento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (CET/SBA) ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) ⦁ Ênfase em cirurgias de trauma e emergência, obstetrícia, plástica estética reconstrutiva e reparadora e procedimentos endoscópicos ⦁ Experiência em trauma e cirurgias de emergência de grande porte, como ortopedia, vascular e neurocirurgia ⦁ Experiência em treinamento acadêmico e liderança de grupos em ambiente cirúrgico hospitalar ⦁ Orientadora acadêmica junto à classe de residentes em Anestesiologia ⦁ Orientadora e auxiliar em palestras regionais e internacionais na área de Anestesiologia.

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