Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024 Login
Estamos em pleno Dezembro Vermelho – mês de conscientização e prevenção sobre HIV e AIDS. Apesar das notícias de novos medicamentos que podem proporcionar ao paciente infectado uma vida quase normal e até evitar a transmissão a novos pacientes animar os especialistas, a alta nos casos de infecções e o fato de ainda não existir cura ou vacina comprovada não os deixam baixar a guarda.
O infectologista de Umuarama, Dr. Raphael Chalbaud Biscaia Hartmann (CRM 34.436-PR), compartilha dessa visão. Para ele, não é hora de descuidar da prevenção. “Precisamos continuar nos cuidando, nos amando e também cuidando e amando os outros, pensando sempre no bem coletivo. O HIV e a AIDS continuam existindo e vão persistir até que se descubra um tratamento definitivo que elimine o vírus por completo. As pessoas precisam ter consciência da importância de se conhecerem e se testarem, especialmente após uma possível exposição”, afirmou em entrevista."
O Boletim Epidemiológico de HIV e Aids do Ministério da Saúde indicou que 46,6 mil pessoas foram infectadas com o vírus no Brasil em 2023, representando um aumento de 4,5% em relação aos números registrados em 2022. Desses casos, 63,2% são de pessoas autodeclaradas negras (49,7% pardos e 13,5% pretos), e 53,6% ocorreram em homens que fazem sexo com homens.
Segundo o Dr. Raphael Hartmann, a pandemia de Covid-19 influenciou de maneira significativa os números de diagnósticos de HIV e Aids no Brasil. “A pandemia atrapalhou a divulgação, a prevenção, a testagem e também os cuidados com os pacientes. Felizmente, isso tem sido retomado de forma sistemática. O Ministério da Saúde e o SUS, de maneira incansável, buscam ampliar a testagem, divulgar informações e oferecer os cuidados necessários para que as pessoas tenham o melhor direcionamento tanto na prevenção do HIV quanto no tratamento da Aids”, explicou o médico.
Outro dado relevante do último Boletim Epidemiológico é o aumento da detecção de gestantes com HIV. O número atual é de 3,3 casos por mil nascidos vivos, o maior da história. Cerca de 45% das mães diagnosticadas (414 casos) não sabiam que tinham o vírus antes do pré-natal. Além disso, apenas 70,4% das gestantes com HIV estavam em tratamento com antirretrovirais em 2023. A meta do governo é alcançar 95% até 2030.
O Ministério da Saúde estima que, anualmente, 12,5 mil recém-nascidos sejam expostos ao HIV no Brasil. Em Umuarama, não há registro de transmissão vertical de HIV – quando a mãe transmite o vírus para o bebê durante a gestação – há 13 anos. Esse resultado é fruto de um trabalho contínuo e conjunto do Ministério da Saúde, das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde.
PrEP (Profilaxia Pré-Exposição): uma verdadeira revolução no combate ao HIV
O medicamento injetável lenacapvir foi eleito o maior avanço científico de 2024 pela Revista Science. A droga atua como profilaxia pré-exposição (PrEP) contra HIV e teve eficácia de 100% em um ensaio clínico com mulheres na África. Um segundo estudo, realizado em seis países, incluindo o Brasil, em homens que fazem sexo com homens, em pessoas transgêneros e naqueles que usam drogas injetáveis, o lenacapvir teve eficácia similar, de 99,9%.
O Dr. Raphael Hartmann explica que a PrEP - Profilaxia Pré-Exposição, é feita a partir da administração de medicamentos que evitam que a pessoa contraia o vírus. O Essa profilaxia é muito utilizada por parceiros de pacientes com HIV e é fornecida gratuitamente através do SUS. “É lógico que, a combinação combinada: preservativo + PREPI, tem um valor muito maior de prevenção do que esses métodos separados”, destacou o especialista.
Para esclarecer mais sobre HIV e Aids, o especialista respondeu as seguintes perguntas:
Qual é a diferença entre HIV e AIDS?
Dr. Raphael Hartmann: HIV é o vírus da imunodeficiência humana. A Aids é quando temos a evolução da doença relacionada ao HIV. Quando o paciente tem uma diminuição importante das células de defesa, especialmente os linfócitos, o paciente fica mais suscetível às doenças chamadas oportunistas.
Como a campanha Dezembro Vermelho impacta a conscientização e a prevenção da AIDS/HIV?
Dr. Raphael Hartmann: É um mês extremamente importante. Este mês é alusivo para relembrar os cuidados e prevenção e também os riscos que existem de uma pessoa contrair o HIV. Além de reforçar a importância dos tratamentos e das medicações disponíveis hoje no SUS, tanto para aqueles que vivem com HIV ou a Aids quanto para aqueles que não tem o vírus.
Como é feito o diagnóstico do HIV atualmente?
Dr. Raphael Hartmann: O diagnóstico do HIV é bem simples, pode ser feito nos postos de saúde gratuitamente. Hoje existem vários tipos de testes rápidos, como salivar ou gota de sangue. E os exames de laboratório, realizados com coleta de sangue. Após a primeira triagem, o paciente com resultado positivo é encaminhado para a realização outros exames para verificar a carga de vírus e outras doenças possíveis junto com o HIV.
Quais são os principais métodos de prevenção do HIV?
Dr. Raphael Hartmann: O método eficaz de prevenção continua sendo o uso de preservativos em todas as relações sexuais: oral, vaginal ou anal. É importante ressaltar que o sexo oral não é isento completamente de risco e a forma de prevenção é o uso do preservativo.
Como funciona PEP (Profilaxia Pós-Exposição)?
Dr. Raphael Hartmann: A PEP é uma profilaxia utilizada depois que o paciente teve uma exposição. Trata-se de medicamentos específicos que devem ser indicado por um médico, com toda uma avaliação prévia e acompanhamento posterior desse paciente.
Quais são os principais desafios enfrentados por pacientes que vivem com HIV/AIDS no Brasil?
Dr. Raphael Hartmann: O HIV e a AIDS são as situações mais estudas pela infectologia no mundo inteiro. A busca é por um tratamento definitivo que ainda não existe. Todos os anos são desenvolvidos e aperfeiçoados novos medicamentos. Os estudos sobre a vacina e a cura completa tanto do HIV quanto da AIDS continuam e a expectativa é que num futuro próximo possamos chegar a uma efetividade completa, tanto na cura quanto na prevenção.
Qual é o papel da saúde mental no tratamento de pessoas vivendo com HIV?
Dr. Raphael Hartmann: É fundamental. O paciente também tem na rede pública atendimento psicológico gratuito através do SUS, desde que ele aceite tanto a doença quanto a possibilidade de tratamento e acompanhamento com uma psicóloga. E isso faz toda diferença no tratamento. O paciente que se sente confortável e acolhido por conta do entendimento da doença ele adere muito melhor ao tratamento.
SOBRE O DR. RAPHAEL HARTMANN
O Dr. Raphael Chalbaud Biscaia Hartmann é médico infectologista com atuação destacada em Umuarama, Paraná. Graduado em Medicina pelo Centro Universitário Ingá (2015), possui especialização em Clínica Médica pelo Hospital João de Freitas (HONPAR) em Arapongas-PR (2017) e em Infectologia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) (2020). Atualmente é chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) no Hospital UOPECCAN de Umuarama. Além disso, atua como docente no curso de Medicina da Universidade Paranaense (UNIPAR), ministrando a disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias. Com vasta experiência em infecções virais, bacterianas, fúngicas e parasitárias, o Raphael Dr. Hartmann é reconhecido por seu compromisso com a saúde pública e pela dedicação ao ensino e à pesquisa na área de infectologia.
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REPORTAGEM E REDAÇÃO
Por Rosi Rodrigues
Jornalista Editora do Movimento Saúde