Terça-feira, 5 de novembro de 2024 Login
A obsessão pela ideia de ter um problema de saúde grave ainda não diagnosticado – esta é a hipocondria. O medo irracional de estar doente ou correr risco de morte, reações obsessivas diante de sintomas físicos comuns e a frequente realização de autoexames são algumas das questões presentes na cabeça de um hipocondríaco – pessoa que vive na constante procura das doenças que acredita ter.
O acesso à informação via internet aumentou ainda mais a ansiedade proveniente da hipocondria, pois facilita auto-diagnósticos errôneos que relacionam sintomas corriqueiros a doenças raras e sérias. O hipocondríaco tende a supervalorizar as sensações naturais do corpo e entende pequenas alterações (coriza, ínguas, dores) como sinais de um quadro grave – e, muitas vezes, a internet valida tais conclusões equivocadas.
CAUSAS
As causas da hipocondria ainda não estão totalmente esclarecidas. Sabe-se que grande parte dos quadros se desenvolvem em pessoas com transtornos psicossomáticos prévios, como ansiedade, esquizofrenia ou depressão.
Hoje, aceita-se a hipocondria como efeito colateral de traumas de grande intensidade. Também acredita-se na influência do fator genético, que faz pessoas com histórico de hipocondria na família serem mais sujeitas ao quadro. Especialistas em saúde mental indicam que a hipocondria se manifesta com mais frequência no início da vida adulta.
É importante esclarecer que hipocondria não é “mania de doença” – é um transtorno psicossomático que precisa ser tratado com seriedade para que o paciente consiga retomar sua qualidade de vida.
COMO IDENTIFICAR
Existem alguns comportamentos compulsivos que se manifestam na grande maioria dos hipocondríacos, e podem servir de norte para ajudar a identificar o quadro. São eles:
IDAS FREQUENTES AO MÉDICO
Como sempre desconfia de uma nova doença, o hipocondríaco está constantemente marcando consultas com especialistas das mais diversas áreas médicas, na busca de diagnosticar a doença que acredita possuir. Outro sinal que merece atenção são as consultas seguidas com médicos da mesma especialidade: o hipocondríaco tende a duvidar dos profissionais e dos exames quando lhe é dito que sua saúde está em perfeito estado, e então busca incansavelmente por novas opiniões.
AUTOMEDICAÇÃO
Outro sinal clássico da hipocondria é a automedicação: convicto de que está doente, o hipocondríaco encontra meios de conseguir todo tipo de medicação que julga precisar (mesmo que os médicos lhe digam o contrário). É de grande importância rastrear este comportamento, pois a automedicação é uma prática perigosa que pode pôr a vida do paciente em risco.
EXAMES EXCESSIVOS
Além de testes de sangue e de urina, os hipocondríacos podem fazer exames complexos numa frequência fora do comum. Ultrassonografias, ressonâncias magnéticas, tomografias e outros exames são realizados esporadicamente, na tentativa de rastrear doenças não corriqueiras – e é exatamente isso que motiva o comportamento hipocondríaco: a busca por doenças graves não-existentes.
SINTOMAS INSTANTÂNEOS
O pânico diante da ideia de ter uma doença não diagnosticada faz o hipocondríaco acreditar que possui todas as doenças que ouve falar. Manifestar sintomas logo após uma conversa sobre determinada doença também pode ser um sinal de hipocondria – o paciente sente tanto medo da doença que, para ele, os sintomas são reais. Outro comportamento claro de um hipocondríaco é ter certeza de que possui todas as doenças comentadas na mídia (especialmente em épocas de epidemia, como no caso da gripe H1N1 ou do Zika Vírus).
COMPORTAMENTO NEGATIVO
Viver na constante tensão de descobrir uma grave doença (e ser contrariado mesmo quando tem certeza do diagnóstico) faz o hipocondríaco viver num espiral de medo e frustração. A preocupação faz com que a pessoa não tenha ânimo ou disposição para interações sociais – o hipocondríaco tende a se afastar do trabalho, da família e dos amigos. A hipocondria, portanto, é uma doença que pode levar ao isolamento social, e costuma estar associada a quadros de ansiedade e depressão.
A psicoterapia é o tratamento mais indicado para casos de hipocondria, identificando a origem do transtorno e permitindo que o paciente reconheça as causas de seu comportamento compulsivo. Além de ensinar a lidar com a ansiedade, a psicoterapia auxilia no entendimento sobre o quadro, tanto para o paciente, quanto para a família.
Fonte: Agemed
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