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Estudo aponta depressão, ansiedade e estresse em pacientes pós-covid-19

Publicado em 09/02/2022 às 11:24 por Editoria Movimento Saúde

Conforme a pandemia de Covid-19 se estende, surgem relatos sobre as sequelas deixadas pela doença. Problemas respiratórios, pulmonares, dores nas articulações, cansaço, queda de cabelo, falta de memória e por aí vai. 

A covid é uma doença cercada por medos: medo da doença em si, medo da morte, medo das consequências de tomar a vacina e as de não tomar também. O medo é um potencial gerador de desequilíbrio emocional ou instabilidade mental. Isso foi comprovado por um estudo, realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e mostrou que pessoas que tiveram covid-19, de forma moderada ou grave, passaram a registrar maior incidência de transtornos psiquiátricos após a contaminação.

Foram avaliados 425 adultos, depois de seis a nove meses da alta hospitalar por causa da covid-19, sendo considerados caso moderados aqueles pacientes que ficaram internados no Hospital das Clínicas da USP por pelo menos 24 horas, e graves os que precisaram de tratamento em unidade de terapia intensiva (UTI), entre março e setembro de 2020.

Prevalência muito alta

Os pacientes foram submetidos a entrevista psiquiátrica estruturada, testes psicométricos e bateria cognitiva. De acordo com o estudo, a prevalência de transtorno mental comum neste grupo foi de 32,2%, maior do que o relatado na população geral brasileira (26,8%).

Entre os participantes, mais da metade (51,1%) relatou ter percebido declínio da memória após a infecção e outros 13,6% desenvolveram transtorno de estresse pós-traumático. O transtorno de ansiedade generalizada foi diagnosticado em 15,5% dos voluntários, sendo que em 8,14% deles o problema surgiu após a doença. Já o diagnóstico de depressão foi estabelecido para 8% dos pacientes – em 2,5% deles somente após a internação.

Quanto ao diagnóstico de depressão, houve prevalência de 8%, superior ao da população (em torno de 4% e 5%). Transtornos de ansiedade generalizada estavam presentes em 14,1%, resultado também superior à prevalência na população geral (9,9%).

Chama atenção na pesquisa o fato de os resultados psiquiátricos não terem sido associados à gravidade da doença em fase aguda, ou seja, não foram mais preponderantes naqueles pacientes que apresentaram grau de inflamação maior, por exemplo. É uma questão de desiquilíbrio causado pelo medo que as pessoas desenvolvem frente à doença. “Os comprometimentos psiquiátricos e cognitivos observados a longo prazo após covid-19 moderada ou grave podem ser vistos como uma expressão dos efeitos do SARS-CoV-2 na homeostase [equilíbrio] cerebral ou uma representação de manifestações psiquiátricas inespecíficas secundárias à diminuição do estado geral de saúde”, diz o texto da pesquisa.

O médico residente do Instituto de Psiquiatria (IPq) da Faculdade de Medicina da USP e primeiro autor do artigo, Rodolfo Damiano, disse que o agravamento de sintomas psiquiátricos após infecções agudas é algo comum e esperado, mas faz uma ressalva. “Em nenhuma outra doença viral se observou tanta diferença e perdas cognitivas tão significativas como com a covid-19. Uma das possíveis explicações é o próprio efeito do vírus no sistema nervoso central”, comenta. “Se essas perdas são recuperáveis é algo que ainda não sabemos”, comenta o pesquisador

Ele observa ainda que os pacientes que evoluem para a forma grave, em geral, são mais comprometidos clinicamente [por problemas cardíacos, renais, diabete e outras comorbidades] e, consequentemente, já apresentam mais sintomas psiquiátricos. "Isso foi considerado na análise, mas mesmo corrigindo para esse fator, a prevalência observada no estudo foi muito alta”, afirma Damiano.

Leia os resultados da pesquisa na íntegra

Com informações da Agência USP

Fotos: Fernando Cortes/Pheelings Media

 

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