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É preciso falar sobre Aids também com idosos

Publicado em 13/12/2021 às 09:12 por Editoria Movimento Saúde

Em 1º de dezembro - Dia Mundial de Luta Contra a Aids - , acompanhamos uma série de reportagens sobre o preocupante aumento de casos de HIV. Sim, é preciso falar sobre Aids, mas ao contrário do que se pensa, o assunto é importante em todas as idades e não apenas entre os jovens. “O assunto é um grande tabu entre os mais velhos, mas o vírus não escolhe idade”, enfatiza a médica geriatra, Dra. Priscila Cogo (CRM 35270/RQE 26907), reconhecendo que há falhas nas campanhas de prevenção e mesmo entre os médicos há certa dificuldade em abordar o tema com os pacientes da terceira idade. “Quando se fala em aumento da expectativa de vida, isso inclui a vida sexual”, pondera a médica.

Sexo e qualidade de vida
É importante ressaltar que, legalmente, uma pessoa é considerada idosa a partir de 60 anos, idade em que homens e mulheres estão muito ativos. “Estamos sempre incentivando que os idosos busquem qualidade de vida, com boa alimentação, atividade física, e não podemos esquecer que os relacionamentos felizes são fundamentais para essa qualidade de vida, inclusive os relacionamentos sexuais”, ressalta Dra. Priscila. 
Um fator que dificulta o diagnóstico do HIV em idosos é que a maioria dos sintomas físicos apresentados podem ser confundidos com problemas comuns do envelhecimento, tais como fadiga, falta de ar, dor crônica, perda de peso, queda de cabelo, inapetência, alteração de memória, depressão e lesões de pele. O mesmo acontece com as infecções como pneumonias, herpes, que nem sempre são associadas ao HIV.
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia considera de extrema importância que os geriatras e especialistas em gerontologia conversem com as pessoas idosas sobre o assunto e que, além de solicitar exames de check-up que incluam a sorologia para HIV e outras ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), também falem sobre práticas sexuais seguras e prevenção combinada.

Aumento de casos entre idosos
De acordo com o Ministério da Saúde, o número de pessoas idosas com diagnóstico positivo para HIV tem aumentado. Nos anos de 2007/2008, eram 212 casos, número que subiu para 963 em 2019 - representando um aumento de 354,25%. 
Em 2020 foram registrados 333 novos casos, mas a redução se justifica pelo atraso dos diagnósticos e não porque as ocorrências diminuíram. Na avaliação de Dra. Priscila essa queda pode estar relacionada ao foco dado aos casos de covid-19.  “Muitas doenças deixaram de ser diagnosticadas e tratadas adequadamente durante a pandemia, e os idosos diminuíram muito as consultas médicas por medo de infecção pela Covid”, acrescenta. 
Em Umuarama, o total de portadores de HIV chega a 364, sendo que 33 casos foram diagnosticados nos oito primeiros meses de 2021. Na faixa etária de 51 a 60 anos, que já inclui pessoas idosas, são 56 casos. De 61 a 70 são 24 pessoas, e 10 pessoas com idade acima de 71 anos são soropositivos.  

Resistência ao preservativo
Um dos principais fatores que contribuem com as infecções pelo vírus está a resistência dos idosos ao uso de preservativos. Os motivos são os mais variados:
•    Mulheres idosas não se preocupam com gravidez;
•    Homens idosos têm dificuldades com o manuseio do preservativo;
•    Mulheres idosas se sentem constrangidas em pedir que o parceiro use o preservativo;
•    Idosos, quando se relacionam, temem menos infidelidade do parceiro;
•    Mulheres ainda são submissas à vontade do companheiro;
•    Muitos idosos não se consideram em risco;
•    Eles não têm consciência das complicações de uma infecção.

 

Fotos - Hudson Fernando/divulgação

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