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7 perguntas e respostas sobre a pílula do dia seguinte

Publicado em 30/04/2018 às 15:18

Ainda que todas as mulheres do planeta usassem corretamente qualquer um dos métodos anticoncepcionais existentes, cerca de 6 milhões de gestações inesperadas ocorreriam. Essa estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) dá uma dimensão da possibilidade de falha nas estratégias disponíveis para evitar uma gravidez. Sem falar na quantidade de gente que não pensa em ter filhos e, mesmo assim, não se protege direito contra uma gravidez indesejada. Cenários como esses ajudam a explicar por que a chamada pílula do dia seguinte (também conhecida pela sigla PDS) passou a ser tão procurada nas farmácias – sua venda é feita sem prescrição. 

Acontece que, recentemente, uma usuária da PDS escreveu um relato (que foi reproduzido em diversos meios de comunicação) no qual conta que teve uma gravidez fora do útero — chamada de gravidez ectópica — após tomar o comprimido. E é claro que muitas dúvidas surgiram sobre o método e sua segurança. Por isso, perguntamos a nossos leitores o que eles gostariam de saber a respeito do assunto e conversamos com especialistas para esclarecer as questões – até para entender quais são, de fato, os riscos da pílula do dia seguinte. Veja a seguir:

1-    Muita gente se refere à pílula do dia seguinte como uma “bomba de hormônios”. Isso é verdade? Ela pode trazer efeitos colaterais?

“Uma dose da PDS contém o equivalente à metade de uma cartela de pílulas anticoncepcionais tradicionais, dessas que a mulher usa todos os dias”, esclarece a ginecologista Albertina Duarte Takiuti, coordenadora do Programa de Saúde do Adolescente da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. E, segundo a ginecologista Luciana Potiguara, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, essa enxurrada hormonal pode trazer efeitos colaterais, sim. “Além de desregular o ciclo menstrual, é possível que provoque vômitos. Aliás, se isso acontecer nas primeiras duas horas após a ingestão, a dose deve ser repetida. Outros sintomas como vertigem, cefaleia e dor nas mamas também podem aparecer”, alerta a médica.

2-    Mas, afinal, é válido usar esse método de contracepção? Se sim, em quais circunstâncias?

“A pílula do dia seguinte é, na verdade, uma conquista das mulheres”, afirma Albertina. “Você ter acesso a um método de emergência é bacana. O perigo está em fazer dessa emergência um ritual cotidiano”, arremata. A expert ainda faz questão de lembrar que, mesmo tomando a pílula direitinho (no máximo 72 horas após a relação), ela ainda falha em 15% dos casos. “A cada 20 mulheres que tomam, três engravidam”, calcula. “A PDS deve ser usada somente em situações de relação sexual desprotegida próxima do período fértil, de ruptura do preservativo, de estupro ou de relação sexual sem uso de nenhum método contraceptivo”, completa Luciana.

3-    De quanto em quanto tempo é possível tomá-la? 

A pílula é lembrada como aquela “do dia seguinte”, mas, entre os especialistas, ela é mais conhecida como “pílula de emergência” ou “contracepção de emergência”. Isso quer dizer que ela realmente só deve entrar em cena em um caso de extrema necessidade. “O ideal é utilizá-la uma vez por ano. Ela é menos segura que a pílula normal e ingeri-la direto aumenta o risco de gravidez e de confusão no ciclo menstrual. A mulher passa a não reconhecer o funcionamento do próprio corpo”, esclarece Albertina.

De acordo com uma pesquisa conduzida pela especialista, apesar desses poréns, tem muita gente abusando do método. “Algumas adolescentes chegam a tomar a PDS até três vezes no mesmo mês”, conta a médica. Essa prática traz diversas repercussões para a saúde. “Tem os efeitos psicológicos, como irritação, medo de engravidar, culpa etc. Além disso, pode bagunçar o ciclo, causar alterações de pele (espinhas), deixar o cabelo oleoso e contribuir para o acúmulo desnecessário de gordura. A mulher não precisa passar por isso”, conclui.

“A pílula do dia seguinte é uma medicação de emergência e não foi testada para uso frequente”, reforça Eduardo Zlotnik, ginecologista e obstetra do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

 

Fonte: saude.abril.com.br

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