Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024 Login
O investimento do Governo do Paraná na construção da maior biofábrica do mundo para produção de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia representa um avanço decisivo no enfrentamento de uma das maiores crises de saúde pública do país: a dengue. Localizada em Curitiba, essa biofábrica — com previsão de conclusão para 2025 — não é apenas inovadora por seu tamanho, mas também por sua abordagem científica e sustentável no controle de doenças transmitidas pelo Aedes, incluindo chikungunya e zika.
A tecnologia Wolbachia, introduzida no Brasil há uma década e amplamente aplicada em projetos de saúde pública, é baseada em estudos científicos rigorosos. Pesquisadores do Programa Mundial de Mosquitos (WMP) descobriram que, ao inserir a bactéria Wolbachia nos ovos de Aedes aegypti, o vírus da dengue e outras arboviroses não consegue se desenvolver, portanto, não transmite doenças. Trata-se de uma solução biológica e sustentável, que traz resultados significativos sem risco ambiental, uma vez que a Wolbachia já existe naturalmente em aproximadamente 60% dos insetos do planeta.
ARGUMENTOS EM FAVOR DA BIOFÁBRICA DE WOLBITOS
Primeiramente, os resultados alcançados por esse método são impressionantes. Em Niterói, primeira cidade brasileira a implementar a solução dos “Wolbitos”, houve uma redução de até 60% nos casos de dengue, confirmando o potencial de impacto dessa tecnologia na saúde pública. Desde que o projeto chegou ao Paraná, em 2024, mais de 20 milhões de mosquitos Wolbitos foram soltos em cidades como Londrina e Foz do Iguaçu, e a ampliação da biofábrica permitirá expandir essa cobertura para outras regiões do estado, como Umuarama, priorizando áreas de alto risco.
A biofábrica também coloca o Paraná na vanguarda da pesquisa e desenvolvimento em saúde pública, abrindo portas para futuras colaborações internacionais e consolidando o estado como um polo tecnológico em saúde. A unidade, instalada no Parque Tecnológico da Saúde, em Curitiba, é uma iniciativa do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Ministério da Saúde. Com uma produção semanal estimada de 100 milhões de ovos de Aedes com Wolbachia, a biofábrica permitirá que cerca de 140 milhões de brasileiros sejam beneficiados ao longo dos próximos dez anos.
SEGURANÇA E SUSTENTABILIDADE
A segurança desse método é um dos seus principais pontos fortes. De acordo com Luciano Moreira, líder do Método Wolbachia no Brasil, além de reduzir significativamente a segurança do vírus, a bactéria Wolbachia não oferece qualquer risco à população ou ao meio ambiente. Pelo contrário, ao adotar uma técnica que respeite o equilíbrio natural, o Paraná aponta o caminho para o desenvolvimento sustentável de políticas de saúde pública.
Esse investimento reforça o compromisso do Paraná com a saúde pública, oferecendo uma solução que é ao mesmo tempo inovadora e prática para o controle de arboviroses. Em um contexto em que a dengue representa uma ameaça crescente, iniciativas como a biofábrica de Wolbitos mostram que é possível enfrentar desafios de saúde pública com inteligência, colaboração e tecnologia avançada.